quarta-feira, 4 de maio de 2011

Para quê?




BE e PCP são partidos completamente diferentes. Todos os portugueses sabem distingui-los. Aliás, bastaria apresentar aos portugueses algumas das propostas desses partidos para que aqueles soubessem, sem dificuldade, identificar o partido de onde as mesmas tinham vindo.
Por partilharem a mesma área política, da esquerda parlamentar, e por disputarem parte do eleitorado, ambos os partidos caíram num erro que lhes irá custar caro. Quiseram disputar, entre si, as coisas pequenas, insignificantes aos olhos dos portugueses, de saber quem tinha iniciativa, quem se chegava à frente, quem tinha mais sucesso nas propostas que apresentava.
Ao mesmo tempo, o Bloco via algumas das suas bandeiras serem esvaziadas, adoptadas que tinham sido pelo Partido Socialista, seduzido por um eleitorado mais jovem, mais radical, mais de esquerda.
Quem ganhou com esta disputa inútil entre as esquerdas foi, claramente, o CDS de Paulo Portas, que foi construtivo onde BE e PC não souberam ou não quiseram ser, tendo sido a terceira força política contra as "expectativas" das sondagens.
E, assim, BE e PC entraram num ciclo vicioso, auto-destrutivo, com medo de assumir responsabilidades de Estado.
Esta guerra entre as esquerdas, as esquerdas inúteis ao país porque não querem ser parte de soluções, vai acabar mal sobretudo para os bloquistas. Esvaziados pelos socialistas, ultrapassados pelos centristas, substituídos por jovens (à rasca) apartidários nos actos de protesto, não estando disponíveis para ser solução do que quer que seja, agora que, mais do que nunca, os portugueses procuram soluções, o Bloco já está a viver o princípio do fim.
A hipocrisia deu resultados até 2009. Enganou bem os portugueses. Mas não os enganará durante muito mais tempo. E felizmente que assim foi.
Se queres mudar de Governo, votas PSD ou CDS.
Se és pelas causas fracturantes da esquerda, votas PS.
Se acreditas na esquerda da utopia, votas PC.
Se queres dar voz a um deputado, a uma determinada causa, votas, por exemplo, no MPT, no PPM, no MEP, no PAN ou no PPV.
Um voto no Bloco, numa altura destas, é um voto perdido.
Quando eu defendi, aqui sozinho, que estávamos já na fase descendente daquele partido, muita gente pôs em causa aquilo que eu escrevi. Mas acho, cada vez mais, que tinha razão.
Este não é um país de tolos. E, nesta altura de combate ao desperdício, vão ser cada vez menos os portugueses que vão desperdiçar o seu voto num partido que não serve para coisa nenhuma.
Fernando Nobre, pelo menos, é um desses portugueses.

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