terça-feira, 29 de maio de 2012

A "Secret Story" de um país sem rei nem roque


Este país é pequeno, demasiado pequeno para que todos não nos conheçamos uns aos outros. Aqui tudo é fácil. Com um telefonema ou uma SMS, é possível sabermos tudo, ou quase tudo, sobre os outros. Mas também é possível que, por causa de um telefonema ou uma SMS, sejamos imediatamente "apanhados". 
Pessoalmente, a vida dos outros diz-me pouco. Sempre considerei que não me devo meter no que não me diz respeito. E, se me incomoda que saibam, por exemplo, quanto dinheiro tenho na conta bancária, também não pergunto, porque não quero saber, quanto dinheiro têm os outros. Nem faço por saber. Mas nem é preciso chegar-se às contas bancárias. Bastam as "coisas mais pequenas". Por exemplo, não vejo as mensagens que os outros têm no telemóvel, e não gosto, não gosto nada, que vejam as mensagens que recebo no meu.
Do mesmo modo, não gosto que me escutem, que saibam onde eu estou, que saibam o que faço e quem sou, sobretudo quando não quero que os outros saibam. Isso só acontece porque sou um apaixonado pelo ideal da liberdade. A liberdade que acaba quando nos ofendem. A liberdade que se esgota quando nos escutam. A liberdade que deixamos de ter quando alguém, que não gosta da liberdade, nos investiga, seja de que maneira for, para fins alheios aos que têm as excepções legais à protecção da liberdade individual.
Nós, portugueses, pagamos caro para que um conjunto demasiado vasto de pessoas faça, promulgue e publique leis. Pagamos caro a pessoas cuja função quase exclusiva é fazer cumprir a lei. Caro, muito caro. Porque as leis não são cumpridas. Nem a Lei Fundamental, sobretudo na parte em que diz que a lei é para cumprir e que é igual para todos.
Há gente, demasiada gente, acima da lei em Portugal. E não venham dizer mal dos políticos. Porque é tão grave utilizar as secretas para fins pessoais como o aproveitamento de funções públicas, pagas pelos impostos de cada um de nós, para divulgar informação que é, ou deve ser, também ela, secreta. 
A verdade é que a liberdade que nasceu em Novembro é completamente ofuscada pela liberdade que vinha de Abril. E é por isso que o país está como está. Porque a Justiça não funciona. Porque a lei não se aplica. E porque o Ministério Público, uma das maiores manchas do Portugal "semi"-democrático, continua a ser uma arma política, facilmente utilizável por um conjunto de personalidades que, durante várias décadas e em conjunto com vários jornalistas, nunca deixou o país avançar.

1 comentário:

Anónimo disse...

Por momentos pensei que fosses falar do Relvas, mas pelos visto enganei-me