terça-feira, 20 de julho de 2010

Ponto de vista


Quando Manuela Ferreira Leite repetiu vezes sem conta a necessidade de um apoio às pequenas e médias empresas não o fez sem uma razão.
Sabia, na altura, que Portugal se iria deparar com uma crise com precedentes distantes e que iria ser sentida, fundamentalmente, pelas pequenas e médias empresas.
Mais. As PME são as principais empregadoras do país. Se não tiverem liquidez, têm duas opções: a primeira é despedir trabalhadores, cortando nos custos; a segunda é fechar as portas.
Dez meses depois desse discurso de alerta social-democrata, o tempo já deu razão ao discurso da liderança (da altura) do PSD.
Sejamos também um pouco sensatos. Os grandes afectados pela crise foram os patrões, sejam eles grandes, pequenos ou médios empresários. Até agora, com a descida dos preços e com os mesmos salários (alguns, porventura, ainda foram melhorados), os trabalhadores por conta de outrém não se consciencializaram ainda do impacto da crise, a menos que se tenham deparado, directamente ou não, pelo fantasma do desemprego. Só a sentirão no próximo ano quando sentirem um aperto de cinto fiscal, do qual ainda não se aperceberam.
Perceber-se-ia, um ano depois, que o problema estivesse identificado e que já se estivesse a discutir um novo caminho, de estímulo a quem emprega. Porque, se não houver quem empregue, não há emprego. E, sem emprego, não há dinheiro. É tão simples quanto isso!
Agora que se fala de uma revisão constitucional e de um caminho alternativo, dever-se-ia falar de um travão à onda sindicalista que exige acima dos limites do que pode ser exigível, de um apoio aos empregadores (sejam eles grandes ou pequenos, sem preconceitos ideológicos contra quem enriquece por força do seu trabalho) e de um reconhecimento da posição cimeira e determinante do empregador, não só na relação laboral mas, sobretudo, no seu contributo para o bem-estar colectivo.
No que respeita à política fiscal, os partidos à direita do PS deveriam impedir um aumento da tributação das empresas, que agrava ainda mais a sua situação.
Sem nunca colocar em causa os direitos fundamentais(!) dos trabalhadores, a direita dos socialistas deveria exigir um caminho diferente. De apoio às empresas e aos empresários. E, ao mesmo tempo, estimular os portugueses a trabalharem mais e melhor. Os portugueses, sobretudo os que não trabalham por sua conta, devem perceber que só com o seu trabalho poderão criar mais riqueza e, com essa riqueza, alcançar condições de vida melhores do que aquelas que têm hoje.
O Portugal de hoje, socialista, cede demasiado aos sindicatos e não está, de todo, a combater a crise. Em vez disso, discute os poderes do Presidente, uma revisão constitucional que aumente, em um, o ano dos mandatos, entre outros "fait-divers".

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