terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

“Quem nada fez de mal não tem sossego. Sossegados andam outros. É uma vergonha”.

Estas três primeiras frases, que escolhi para título deste texto, não são minhas. São as frases com que Pedro Santana Lopes terminou um texto que escreveu há dez dias no seu blogue pessoal.

Escolhi-as porque poderiam ter sido ditas por mim e porque escrevo, agora, sobre uma notícia que um jornal diário escolheu para manchete principal na véspera de Carnaval.

O processo da Face Oculta é grave. Porque, através dele, o país ficou a conhecer, através de escutas, uma outra face, até então oculta, do Primeiro-Ministro. Mas isso não justifica que, mais uma vez e de uma forma completamente vergonhosa, se tente misturar nome de Pedro Santana Lopes.

Já lá vamos a esta manchete triste, só justificada pelo facto de vivermos em período carnavalesco. Até porque foi imediata e integralmente desmentida pelo próprio Pedro Santana Lopes, na página 6 desse mesmo jornal diário.

Não é novidade para ninguém o ódio profundo que um grupo de pessoas e interesses sentem pelo Pedro Santana Lopes. Esse ódio compreende-se. Os invejosos odeiam aqueles que são sérios e invejam aqueles que são bons.

Ora, Pedro Santana Lopes, sobretudo nos últimos 16 anos, não foi um cidadão qualquer.

Fez um trabalho notável na Figueira Foz.

Foi o herói de uma histórica vitória social-democrata em Lisboa, onde, no pouco tempo em que foi Presidente de Câmara, fez um trabalho que perdurará durante muito, muito tempo.

Foi e continua a ser Professor Universitário.

É advogado.

Notabilizou-se, num primeiro momento, ao lado de Sá Carneiro. É conhecido e, por muitos, reconhecido pela frontalidade, verdade, dinamismo, mas sobretudo pela coragem com que disputou as mais difíceis eleições e com que encarou (quase sempre de forma bem sucedida) os mais adversos desafios.

Esta inveja e ódio iniciaram-se em três interrogações. Como foi possível um homem que era autarca na Figueira vir para a luta por Lisboa e vencer um, até então, intocável filho de Mário Soares? Como conseguiu, em tão pouco tempo, com tantos anticorpos e contrariedades, resolver problemas que se arrastavam há décadas na cidade de Lisboa? Como foi que conseguiu fazer tanto, e para bem de tantos cidadãos, em tão pouco tempo?

Quem tem o privilégio de o conhecer, sabe a resposta a estas perguntas. A resposta é trabalho. Muito trabalho. E muitas noites sem dormir.

Quem não o conhece, não pára de pensar nele e de o introduzir na conversa. Fala-se de Santana Lopes na televisão de segunda à sexta e várias vezes no fim-de-semana. Há jornal que viva sem falar dele? Como?

Na cronologia dos factos, faltou-me dizer que aceitou ser Primeiro-Ministro, para permitir que Durão Barroso fosse Presidente da Comissão Europeia. A imagem que ficou desse período foi a de um Governo que caiu em pouco tempo. Foi. Pois foi. O que dirá, hoje, Jorge Sampaio sobre as condições de governabilidade actuais, sendo Sócrates Primeiro-Ministro?

Naquela altura, não havendo razões, constitucionalmente exigidas, para demitir o Governo, Sampaio optou por dissolver a Assembleia. Razões não faltam hoje para que o Presidente da República faça cair o Governo, demitindo-o.

Pois foi. O Governo de Santana caiu e, ainda para mais tendo em conta a actualidade política nacional, estará hoje o país inteiro ainda à espera de perceber porquê.

Há duas ou três noites, um conhecido comentador político da SIC Notícias relembrou Santana, considerando que este acabou por ser uma “vítima” deste estranho poder que levou o país, primeiro, ao pântano, e depois ao buraco. E não falo de buracos de fechadura, mas do buraco onde este poder liderado por Sócrates nos deixou.

Antes de chegar à notícia carnavalesca que serve de manchete do Correio da Manhã de segunda-feira, como diria o João Manzarra, importa ainda fazer um breve “rewind”.

Já falámos dos ódios que Santana motiva. Que se traduzem nas vezes infindáveis com que o seu nome é referido sobre os mais diversos assuntos. Quase sempre com uma de duas finalidades: a finalidade persecutória e a finalidade de encobrir realidades.

Falemos, em primeiro lugar, da finalidade persecutória com que Santana é visado, as mais das vezes por motivos políticos e jornalísticos, quase sempre surgindo coligados. Não é novidade para ninguém, até porque foi visível para todos, a campanha continuada que tentou criar uma imagem de Pedro Santana Lopes. Nem é novidade esta relativamente recente tendência para o perseguir pela via judicial.

Mas será que alguém honesto poderá acusar verdadeira e fundamentadamente que Santana Lopes algum dia recebeu indevidamente sequer cinquenta cêntimos?

Sendo certo que é negativa a resposta a essa pergunta, alterou-se o caminho. Investigou-se de uma ponta à outra tudo o que foi feito ao longo do seu percurso político e foram perseguidas quase todas as pessoas que, tendo assumido funções de maior visibilidade na Câmara Municipal de Lisboa, consigo trabalharam.

As pessoas têm o direito de ser informadas dos ataques sistemáticos direccionados a Pedro Santana Lopes por uma via indirecta e não se tem olhado a meios para manchar a vida e o bom-nome de um conjunto de pessoas e famílias sensatas e honestas, incluindo a família do próprio Pedro Santana Lopes.

A outra finalidade com que o nome de Pedro Santana Lopes é trazido, indevida mas constantemente, à colação é a de encobrir situações.

A notícia do Correio da Manhã de ontem é, por isso, completa, no sentido de que abrange, numa pequena página de texto, as duas finalidades essenciais: é dada continuidade a esta interminável campanha persecutória ao Pedro Santana Lopes e, agora também, à sua família. E, neste caso, também se pretende encobrir uma realidade: quer-se ocultar a face oculta.

6 comentários:

Hugo Correia disse...

«Conta-se que Sócrates, contundido por um empurrão, limitou-se a comentar que era deplorável um homem não saber quando devia sair com o capacete posto. O importante, pois, não é o modo como a injúria é feita, mas o modo como é suportada.»

Nós sabemos que já são muitos os empurrões, mas...

«Concedamos à nossa alma a paz outorgada pelo cumprimento dos preceitos sadios e das boas obras, por um espírito exclusivamente apontado ao desejo da virtude. Satisfaçamos a consciência e não nos importe a reputação; inclusivamente, torne-se ela calamitosa, conquanto o seja por boas acções.»

Porque...

«Que mais, além da morte, desejas àquele que te irrita? Sem que faças o mínimo gesto, ele acabará por morrer. Malbaratas as tuas forças a intentar o que a seu tempo se produzirá. [...] Enquanto estejamos entre os homens, pratiquemos o humanitarismo.»

Séneca, Da cólera (citações de ''O Livro da Tranquilidade''- Olivia Benhamou)


Com serenidade...como pede o Grande Mestre.

Abraço

Anónimo disse...

Parabéns por este artigo!
É mesmo assim.

Miguel Martins disse...

O PS hoje já nao é um partido, é um centro de interesses, onde uns se juntam a outros para que todos juntos possam arranjar belos tachos e grandes negociatas.
Santana Lopes foi a vítima deles em 2005, salvo erro. Se fosse outro o PM, teria ido pelo mesmo caminho.
Agora, Alegre, Soares e Sampaio...todos a favor do seu tacho e dos seus negócios.
Percebi tarde que o PS agora funcionava assim (que era controlador e que faz com que a população deles dependa). Espero que o país acorde a tempo.
Quanto ao PSD, Rangel e Passos Coelho serão alternativas interessantes para pôr fim a esta ditadura dos medíocres, em que o povo e a classe média indepedente é que pagam a crise que eles, por causa dos seus tachos, negócios e interesses, nos arranjaram!
RUA!

Anónimo disse...

Eu pensava que esta juventude portuguesa andava perdida entre as novas questões da esquerda como os casamentos entre gays, as drogas, o sexo nas escolas entre outras coisas mas graças a deus estava enganado!
Há mais gente a pensar em Portugal do que um mero grupo de jotas, sem ideias, soaristas, alegristas, louçanistas, comunistas, passos-coelhistas(, sportinguitas! eheh) mas não.
A palavra ideal para comentar estes últimos três posts não poderia ser mais adequada:
ALELUIA!

Anónimo disse...

Esquece um pequeno grande pormenor, Jorge Sampaio disolveu uma maioria parlamentar.
Esta situação só pode ser considerada como um verdadeiro golpe de estado, era previsivel que o governo fosse para as mãos do partido socialista, e não aconteceu antes porque Jorge Sampaio tem um ódio visceral com Ferro Rodrigues que já vem desde os tempos do MES.

Anónimo disse...

Como já disse por aqui Sampaio foi mandado derrubar, ILEGALMENTE o governo, dissolvendo a AR. Realmente o que a bandalheira quis foi este buraco, mas ATENÇÃO, houve muitos no PSD que fizeram côro com o PS e Sampaio -lembram-se. Eu lembro e sei quem são...

Quanto a Sócrates, que eu saiba, não se reuniram para tal fim. A solidariedade entre eles é assim.

Quanto à perseguição a SL é tão evidente, que até o povinho atrasado mental já percebeu.

Mas a "irmandade da pouca-vergonha" é assim -quer o povo na miséria, para se sentir feliz. Quer que não haja economia nem sociedade civil independentes. E se alguem quiser socorrer-se da LEI, haverá sempre um tribunal, tb gerido pela "máfia da pouca vergonha" para presecrever o crime e até perseguir a vítima. Se quiserem posso contar uma história comprovativa...Não vale a pena. Todos conhecem 'paletes' delas.