quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Assim é que eu gosto!


Este foi um dos textos mais difíceis de escrever, porque é difícil, quase impossível, escrever sobre o que é perfeito.
Valeu a pena ir ao estádio da Luz para ver esta selecção portuguesa dar uma lição de segurança e magia, de confiança e irreverência, de arte, coragem e ambição. Fê-lo sem ter de carregar muito no acelerador, goleou os campeões da Europa e do Mundo com uma naturalidade que conforta todos aqueles que estiveram no estádio.
Paulo Bento pôs, em campo, o melhor onze que podia. Não inventou. Simplificou a estratégia e, sem arriscar, montou uma equipa para defender bem e atacar ainda melhor. E foi com toda a naturalidade deste mundo e do outro que Portugal, pé ante pé, foi subindo em campo e marcou cinco bons golos. Um deles teria ficado para a História deste desporto, não fosse o árbitro ter preferido estar à altura daqueles que preferiram deixar despidas as bancadas, quando deveria ter preferido estar à altura dos artistas que estiveram em campo, artistas que, na sua maior parte, porque são espanhóis, valorizaram ainda mais esta grande vitória portuguesa.
Não me lembro de nenhuma altura em que gostei tanto de ver a selecção nacional. E tenho dificuldade em encontrar, no baú das recordações das centenas de jogos de futebol que já vi ao vivo, uma exibição tão categórica que deu numa vitória que não deixa margem para dúvidas.
O espectáculo de ontem foi tanto melhor pela presença de milhares de espanhóis, que quase transformaram o estádio da Luz num campo neutro. Golo após golo, olé após olé, não houve ontem qualquer sinal de desrespeito pelos nossos vizinhos e amigos que ontem eram adversários, mas que são nossos parceiros numa candidatura conjunta à organização de um Campeonato do Mundo.
O fair-play de ontem também ajudou a essa mesma organização. E isso importa porque o jogo de ontem terá sido visto por largos milhões de pessoas, por todo o mundo.
Mas quanto ao jogo, porque foi um espectáculo único, as palavras têm dificuldade em aparecer. Talvez o melhor seja gravar este jogo, guardar a gravação, ir vendo, ir mostrando às pessoas e dizer, com a mesma satisfação com que estive e saí do estádio da Luz, que eu eu estive lá quando goleámos os campeões do mundo, que vi ao vivo aquele lance de arte, um dos melhores golos de sempre, que foi limpo e que não contou. Mas isso só valorizou os outros quatro e engrandeceu ainda mais a vitória esmagadora da selecção de todos nós, portugueses.
Foi, de facto, uma noite de sonho.

1 comentário:

FernandoB disse...

Agora que já passaram 2 dias, pensemos um pouco...

Eu há muito que o digo, mas a "Geração de Ouro" é que fez o Queiroz... a prova ? Eles continuaram como seniores um desempenho brilhante, alguns deles até fascinante... Ele, o tal, nada de nada...como treinador de seniores, nunca, nunca fez nada...

" Assim é que eu gosto "

a verdade chega sempre...