sexta-feira, 15 de abril de 2011

A Europa dos outros, vista por um leão


Os sportinguistas da minha geração viveram, na Europa, o seu momento mais alto em 2005, ano em que uma sensacional equipa do Sporting pôs a Europa em sentido, numa campanha histórica marcada pela reviravolta frente ao Newcastle e pela eliminatória de Alkmaar decidida no último minuto do prolongamento em que Ricardo subiu até à área contrária para ajudar Miguel Garcia a garantir a presença do Sporting na final da competição.
Com alguma dor, os sportinguistas da minha geração assistem à campanha das outras equipas portuguesas.
Com dor, porque parte dos jogadores que ajudam as equipas portuguesas a fazer sensação em 2011 foram parte integrante da equipa que levou o Sporting à final de 2005.
No Braga, Miguel Garcia, Custódio, Hugo Viana. No Porto, Moutinho e Varela. No Benfica, Carlos Martins.
Estes eram alguns dos jogadores portugueses que entusiasmavam a minha geração de sportinguistas. Eram aqueles que, para Rijkaard, praticavam o futebol "mais sexy" da Europa. E o Sporting deixou-os sair por meia dúzia de tostões.
O Sporting demorará o seu tempo para recuperar o trabalho que foi desfeito desde 2005. E só o poderá fazer se conseguir manter Rui Patrício, Daniel Carriço, André Santos no seu plantel, complementando a veia da formação com jogadores com o espírito de liderança do Nuno Reis, emprestado ao Cercle Brugge, e com a irreverência de atacantes que se espera estejam para sair da formação ou que possam regressar a casa depois de um ano de empréstimo, como o Wilson Eduardo, que, no Beira-Mar, já mostrou ter qualidade suficiente para ser alternativa aos titulares do Sporting.
Um grande Sporting da Europa tem ainda de ter jogadores com a raça do João Pereira e do Zapater e, bem treinado, pode até ser que Yannick Djaló seja o sal que falta a uma equipa que pratica um futebol insonso.
O resto terá que vir de fora e terá que ter, forçosamente, muita qualidade. O Sporting precisa de um lateral esquerdo rápido, que saiba defender e atacar. Precisa de ter um central com a categoria de Garay, que, segundo se diz, pode vir de Madrid. Precisa de ter um homem que pense o futebol no eixo do meio-campo. O resto é magia: extremos que inclinem o futebol para a frente, um avançado que marque muitos golos, que não pode nunca ser o brasileiro que é suplente do Hugo Almeida no Besiktas.
Espero que Duque, Freitas e o Presidente Godinho Lopes percebam que os sportinguistas, apesar de apoiarem e vibrarem com as campanhas europeias dos seus adversários internos, desejam que o Sporting volte rapidamente aos títulos e a repetir, agora com ainda mais sucesso, a campanha que José Peseiro e estes jogadores que vestem as cores de Porto, Benfica e Braga fizeram, no Sporting, em 2005.
Quanto à campanha destas três equipas, resta-me dizer que tem sido absolutamente sensacional. O Braga, depois de três vitórias num grupo difícil na Liga dos Campeões, mereceu eliminar o Liverpool e o Dinamo Kiev. O Benfica, com Jorge Jesus, é uma equipa capaz de ombrear com qualquer adversário. E este Porto, que, com duas goleadas a uma das melhores equipas do leste europeu, garantiu a presença nas meias-finais, depois do título de campeão nacional que foi, e é, mais do que merecido, faz-me ter confiança de que, em Maio, irão estar duas equipas portuguesas a disputar, em Dublin, a conquista da Liga Europa.
Têm todo o mérito. Parabéns pela campanha. E tragam a Taça para Portugal.

1 comentário:

Anónimo disse...

do extase que vivi neste dia, veio o pior dia da minha vida como sportinguista....a derrota na final com o CSKA...NUNCA SOFRI TANTO NA VIDA....
Nunca esquecerei esse dia.
Ass: Leoa Ferrenha