sábado, 5 de novembro de 2011

A praia de Madrid


Além do aproveitamento da zona económica exclusiva e de uma aposta forte na agricultura, na especialização nos serviços e no turismo e de uma nova aposta nas indústrias sectoriais de excelência do nosso país, como o calçado, Portugal deve simplificar nesta hora de reerguer o país.
Um dos factores que poderá relançar a economia portuguesa prende-se com a afirmação do país, publicitando pelo mundo fora e com agressividade os recursos únicos de que dispomos.
Se é argumento dizer que o TGV nos permite sair da periferia, ligando-nos a uma Europa da alta velocidade, como poderemos pensar privatizar os Aeroportos de Portugal, sabendo, de antemão, que a ANA será adquirida pelos espanhóis?
Isso é o mesmo que deitar no lixo, oferecendo aos espanhóis, o argumento de que somos a porta de entrada na Europa via Atlântico. O que farão, os nossos vizinhos, é o mesmo que fizeram com os aeroportos espanhóis, criando uma plataforma giratória, assumindo Madrid como o grande aeroporto ibérico, tornando periféricos todos os outros.
Não percebo as pessoas que dizem que, por princípio, são contra ou a favor das privatizações. Porque depende. Depende do que se trata. E, ao contrário do que acontece, por exemplo, na comunicação social (que, de estratégico, nada tem), sou totalmente contra a oferta da ANA aos espanhóis.
Muita coisa mudou no país nos últimos tempos. Até mudou o governo. Mas há uma coisa que, pelos vistos, não mudou nos governantes, que é a subordinação aos interesses europeus em detrimento da defesa consistente do que é estrategicamente de claro interesse nacional.
O que será deste país quando constatar que, aos olhos do mundo, Lisboa é mesmo a praia de Madrid?

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