quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

O PSD e Lisboa



Sendo o partido que maioritariamente suporta o governo, ainda para mais nestes tempos difíceis, é natural que o PSD concentre as suas atenções na governação do país. Mas o tempo passa. E, à medida que vai passando, vai-se aproximando o termo dos mandatos de vários autarcas, o que aumenta a necessidade de, rapidamente, se chegar a uma solução que permita ao PSD encontrar bons cabeças-de-lista, que possam ganhar Câmaras para o PSD e, simultaneamente, dar um contributo aos concelhos a que se vão candidatar.
Tenho acompanhado as notícias sobre alguns concelhos, como Sintra, onde a candidatura anunciada de Marco Almeida, actual vice-presidente, surge com naturalidade, perante o consenso popular que, em Marco Almeida, encontra o perfil ideal para dar continuidade ao trabalho que vem sido feito pelas maiorias do PSD. Será, certamente, o homem que, entre todos os partidos e mesmo fora dos partidos, tem melhores condições para liderar o concelho, depois de uma vida dedicada a Sintra.
Com interesse acrescido, por ser a capital, observo o que se diz sobre a possível candidatura a Lisboa. Mas a política não pode ser uma dança das cadeiras. E não acho que seja, sequer, sério que um autarca que liderou uma Câmara Municipal durante mais de uma década possa, findo o limite legal de mandatos nessa autarquia, candidatar-se a um concelho vizinho. Na mesma linha, e porque considero que vai contra os objectivos da lei que limita os mandatos, sou contra candidaturas que se apresentem com um novo cabeça-de-lista, colocando o actual Presidente como candidato a futuro Presidente da Assembleia Municipal. Não violando a lei, vai contra as suas intenções. E, se isso se aceita num clube de futebol, não se pode aceitar num partido político. Sendo legal, não deixa de ser batota, uma batota que põe em causa o ideal reclamado da meritocracia e que dá mais um argumento aos que, hoje, já desconfiam das intenções dos titulares de cargos públicos.
A minha discordância para com uma eventual opção por Seara não tem nada de pessoal. É um homem sério, competente e íntegro. Mas Lisboa exige, do PSD, algo diferente. Diferente dos socialistas, diferente para a cidade. Para mudar por mudar, sem convicção nem dinâmica, e para que Lisboa continue parada, pois então lanço o desafio de que o PSD apoie António Costa. Porque Costa reúne os argumentos que são apresentados para que se crie uma vaga de fundo para Seara: é consensual e também é Presidente da Câmara Municipal de Lisboa sem o querer ser.
Digo isto, não com base em convicções pessoais, mas em factos. Já ouvi dizer que Seara só trocava Sintra pelo Benfica ou pela FPF. Vieira ainda não o deixou ser Presidente do Benfica. E Fernando Gomes cortou-lhe o sonho de vir a liderar o futebol português. Foi, creio eu, nesse sentido que Seara chegou mesmo a dizer, por ter saudades de ir a tribunal, que iria, depois de Sintra, retomar a sua actividade enquanto advogado. 
Dito isto, e tendo todos a perfeita consciência disto, com que motivação e ambição se apresentará um cabeça-de-lista e um projecto político para Lisboa? 
O PSD, em Lisboa e para Lisboa, precisa de encontrar um bom cabeça-de-lista. Mas, independentemente do nome, esse homem ou mulher tem de ser aquele ou aquela que melhor possa apresentar e defender um projecto inovador, dinâmico e coerente para a cidade. Tem de ser alguém que os munícipes possam imediatamente identificar como tendo um trabalho de grande proximidade de Lisboa e dos lisboetas. Alguém com dinâmica, com um projecto e uma visão que possam, novamente, fazer levantar Lisboa. E, mais importante do que tudo isso, o(a) cabeça-de-lista do PSD a Lisboa tem de ser alguém que não queira ser outra coisa, senão Presidente da Câmara da capital do país.
Concluo dizendo que Seara, sendo sério e competente, pode prestar serviços de grande utilidade ao país. Mas a sua personalidade é uma antítese do que o PSD e Lisboa precisam.

3 comentários:

teresa mendonça disse...

Olá António
Que bela análise! Neste momento o PSD Lisboa está mergulhado na maior confusão dos últimos anos. Querem, à força,impedir candidaturas capazes de vencer. São outros mas os propósitos são os mesmos. A Lisboa, Pedro Santana Lopes.

teresa mendonça disse...

Olá António
Que bela análise! Neste momento o PSD Lisboa está mergulhado na maior confusão dos últimos anos. Querem, à força,impedir candidaturas capazes de vencer. São outros mas os propósitos são os mesmos. A Lisboa, Pedro Santana Lopes.

Anónimo disse...

Sintra parou no tempo. Para além dos cargos que arranjou e arranja para os boys, nada fez por esta terra. Ontem já era tarde.