Os portugueses parecem, desde o princípio, enamorados por este governo. Sócrates e o PS obtiveram uma maioria absoluta à custa de várias promessas muito populistas e estamos todos à espera de as ver cumpridas. E à espera de não esperar em vão.
Não sou do tipo de pessoas que no dia em que o Governo toma posse já o estão a criticar. Pelo contrário, penso que se deve dar tempo ao governo. Daí achar que o que Sampaio fez com o governo que mantinha uma maioria absoluta para governar, chefiado por Pedro Santana Lopes, ter sido errada. É preciso dar tempo para alcançar resultados e é preciso dar espaço ao Governo para governar. Com isto, a oposição deve debater nos locais próprios os assuntos que pensa poder melhorar, apresentando alternativas e propostas ao Governo.
O problema é que a oposição à direita do governo se aliou ao mesmo, fomentando crises internas, com políticas internas que não trazem qualquer exemplo e gerando instabilidades nas autarquias. Por isso, penso que a maior parte dos portugueses concorda comigo quando digo que a actual Direcção do PSD é a pior dos últimos 18 anos. Digo 18 porque é a minha idade. Mas o que digo reflecte-se nas sondagens e sente-se nas conversas das pessoas e na imprensa, nos espaços de opinião de independentes e de cidadãos. Portanto, na minha opinião, o PSD é o grande responsável pela popularidade de Sócrates e do Governo, o que fez com que se as eleições legislativas se realizassem hoje, o Partido Socialista alcançasse, de novo, maioria absoluta. Isto por duas razões: quando o PSD devia aparecer, andou desaparecido e quando não devia aparecer, apareceu e muito mal.
Mas, em relação ao Governo, penso que estes dois anos reflectem um governo prático, mas sem apresentar grandes resultados. Estes querem-se a nível económico, visto que os portugueses apertaram muito o cinto, até não poderem mais, à espera de resultados, que ainda não apareceram.
Disse, um dia, a professora de Economia do Colégio de São João de Brito, Maria de Jesus Cruz, que um Economista que prevê um défice superior ao que, de facto, alcança é um mau Economista. Isto, porque não conseguiu prever as verdadeiras receitas e despesas do Estado, factos que levaram a que previsse números errados. Assim, parece-me enganosa a afirmação do Ministro das Finanças quando disse que era muitíssimo bom o défice deste ano ser o que estava previsto para o ano seguinte. É evidente que é melhor ter um défice menor do que o que estava previsto, mas se o Ministro deve saber prever estes números e não o conseguiu, com uma diferença significativa, é porque é um mau ministro.
De resto, estes dois anos foram muito maus para a pasta da educação, que é para a qual eu tenho tido uma maior preocupação, por ser estudante. Os exames nacionais do passado ano lectivo foram muitíssimo mal preparados, pois sinto que fui prejudicado face aos alunos dos anos anteriores, porque me encontrei num ano de mudança de reforma, portanto o ano de passagem de uma reforma para outra. Não tive provas-modelo, sendo que o que eu poderia encontrar no Exame fosse quase visto com um mistério. Além disso, este ano é fundamental para apreciarmos a política de educação do Governo, pois é o primeiro ano da nova reforma, onde os alunos vão ser avaliados não apenas com matéria do 12ºAno, mas de todo o Secundário. Vamos ver que resultados vamos ter e que grau de dificuldades vão ter estes novos exames. Se alguma coisa falhar, não pode haver desculpas, porque houve mais do que o tempo necessário para se preparar os Exames deste ano.
Quanto à saúde, faço um balanço positivo, mas muito pouco positivo, visto que as listas de espera na saúde diminuíram, mas pouco, podendo-se agravar quando entrar em vigor a nova lei, que foi a referendo, sobre a interrupção voluntária da gravidez. Contudo, é o único ministério que tem salvado e tem apresentado alguns resultados (mas sublinho, poucos e insuficientes).
Mas se Sócrates é um Primeiro-Ministro prático, sem pensamentos elaborados ou ideias mais complexas, vou tentar fazer uma análise destes, dois anos, o mais prática possível. Prometeu-se aumentar o emprego, mas o desemprego atingiu o maior número da última década. Prometeu-se um choque tecnológico, mas de tecnológico pouco ou nada sentimos. Fez-se, até, um pacto de Justiça, sem resultados aparentes. Não se pode dizer que um governo é bom, apenas por fazer “simplex’s”, quando não resolve os problemas de fundo do país, tendo, inclusivamente, agravado, muito deles.
Continuamos na cauda da Europa. Aguardámos mas não podemos ficar à espera muito mais tempo.
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