Um tiro no pé

Com tanta polémica e tanto tempo para verem clarificadas as suas dúvidas, os portugueses esperavam uma atitude mais séria por parte do PSD. Contudo, Marques Mendes não conseguiu retratar a opinião da generalidade dos portugueses quanto à polémica que se gerou na imprensa sobre as habilitações de José Sócrates.

Achei que não devia falar sobre este assunto, visto que esta não é uma questão de interesse nacional, mas Marques Mendes foi insistindo numa mesquinhez que em nada dignifica o Partido que "lidera". De resto, todos os assuntos mesquinhos são sempre os alvos das atenções de Mendes.

Na minha opinião, é completamente irrelevante ser engenheiro ou engenheiro técnico. Acho que a esmagadora maioria dos portugueses não compreende sequer a diferença entre estes dois estatutos. Não me interessa sequer saber quais são as habilitações do actual primeiro-ministro. O que me interessa é se tem competência para desempenhar tal cargo e a sua actuação enquanto primeiro-ministro. Tudo o resto é, neste caso, e permitam-me que o diga, conversa da treta.

Contudo, devo dizer que não estou surpreendido pela telenovela ao estilo mexicano que Marques Mendes montou sobre este assunto. De resto, Sócrates foi, mais uma vez, confrontado com uma intervenção de indivíduos na sua vida pessoal, como de resto, já tinha acontecido, quando se falava da sua vida amorosa. Nada disto me interessa saber nem comentar.

Mas depois de tantas histórias, Sócrates disponibilizou-se a estar 1 hora e meia, em directo, na televisão pública, para que todos os portugueses o pudessem ver, para falar desta polémica. Esclareceu, na minha opinião, as dúvidas principais, apesar de partilhar a ideia de que ficaram por justificar alguns detalhes, também irrelevantes, na minha opinião.

Com toda esta polémica, quem acabou por ver a sua imagem manchada foi mesmo o PSD. É inédito. Há dúvidas quanto às habilitações académicas do primeiro-ministro e líder do PS e quem vê a sua imagem sair denegrida é o principal partido da oposição. Mas então, porquê?

No meu entender, Marques Mendes voltou a jogar do mais baixo nível político. Voltou a cair na mediocridade e na mesquinhez, não apresentando, nunca, com seriedade soluções e alternativas para o país. Isso sim é o importante! O líder do PSD preferiu continuar a construir uma política da conspiração, das intrigas e do baixo nível, em vez de se concentrar no país e no que, verdadeiramente, interessa aos portugueses.

Ouvi, com atenção, uma parte do fórum da TSF sobre este assunto. Reparei que a esmagadora maioria dos ouvintes se mostraram indignados com a atitude do líder social-democrata. Não consegui anotar todos os nomes, mas houve um número grande de pessoas que chegaram ao ponto de pedir a demissão de Marques Mendes, afirmações das quais destaco algumas, como: "os militantes do PSD que não corram depressa com o Marques Mendes e vão ver o que lhes espera nas próximas eleições", "Marques Mendes parece que esteve feliz 2 semanas e ontem acabou a sua felicidade, pois para isso bastou Sócrates esclarecer tudo", "Marques Mendes é que devia fazer uma comissão porque também está a faltar à verdade porque diz que é lider da oposição e não é" (José Bernardino), "Marques Mendes não é alternativa a nada"(Célia Dias), "Não votei nele(Sócrates), mas agora votava, com certeza"(um agricultor)...

Enfim, Marques Mendes deu mais um tiro no pé. O povo ficou completamente saturado do líder do PSD, pedindo na rádio "uma oposição mais forte e não decadente", palavras que não são minhas, mas dos cidadãos.