segunda-feira, 27 de outubro de 2008

A liberdade dos media, em Portugal


Em Portugal, todos sabemos o poder que os media têm para formar opiniões, não políticas, mas sobre os políticos. Essa influência dos media não é de agora e é visível. Vejamos o papel que a comunicação social tem tido como meio de propaganda de Sócrates, desde que este ainda não era Primeiro-Ministro. E comparemos com a forma com que são tratados os sucessivos líderes do PSD, desde Barroso a Ferreira Leite.
Raras vezes e da boca de poucas pessoas ouvimos, nos comentários televisivos, críticas ao Governo ou ao PS. Mas contra o PSD há um conjunto variadíssimo de programas, em quase todos os canais. E há programas contra o PSD quase todos os dias da semana, excepto aos domingos, porque o Rui Santos fala de futebol e a RTP tem o domingo desportivo, e às segundas, porque não foi politicamente necessário tirar do ar "O dia seguinte". Portanto, na televisão, nomeadamente nos canais de notícias, temos três opções: ou falam da crise, ou falam de futebol ou falam mal do PSD (e bem dos socialistas).
Nas rádios, a coisa não é diferente e os jornais são cada vez mais os intermediários da mensagem da esquerda e do centro-esquerda para os cidadãos. Lemos, dia-a-dia, artigos constantemente tendenciosos.
Tudo isso me preocupa. Porque é legítimo que eu, enquanto espectador, ouvinte e leitor exija que a informação me chegue de forma imparcial. Infelizmente, não vivo em tempos assim. E não sei se os meus pais e os meus avós viveram em tempos desses. É que apesar de terem mudado os políticos e as políticas, os media nunca deixaram de estar em sintonia com quem detinha o poder. E, hoje, quem tem o poder são os socialistas. Que governaram 12 anos nos últimos 15. Ou coisa parecida.
Deixo uma pequena síntese de um exemplo: o Governo faz com que Portugal recue face aos outros países europeus em quase todos os rankins, toma decisões precipitadas, erradas e com consequências desastrosas. Mas o que chega, hoje, aos ouvidos dos cidadãos é que Sócrates colocou o país no bom caminho, só porque o défice está abaixo dos 3%. A culpa é sempre ou da crise ou daquele (curto) período de tempo em que o PSD esteve no poder. Como pode uma mentira destas chegar aos portugueses? Porquê tanta cumplicidade com o Governo?
O que seria se o dr. Santana Lopes tivesse tomado a decisão de fazer um novo aeroporto, sem dinheiro para o construir, na Ota, rejeitando fazer estudos, e depois lhe dessem um estudo a dizer que devia ser em Alcochete, alternando a sua decisão? Todos sabemos que, na verdade, se fosse o Santana estivesse no lugar de Sócrates caia o Carmo e a Trindade. Era tudo em cima dele e nem foi preciso tanto para fazer caír o seu Governo. Com Ferreira Leite, Marques Mendes, Menezes ou Durão Barroso, a coisa foi, e continua a ser, parecida.
Gostava de perguntar aos socialistas o seguinte: Se os anos do PSD no Governo foram assim tão maus, que tivessem um impacto tão grande comparando com os 12 que os senhores governaram, por que razão os estados europeus quiseram que o nosso Primeiro-Ministro, na altura, o dr. Durão Barroso fosse para Presidente da Comissão Europeia? Ou por que motivo o país chegou ao pântano com Guterres? Foi culpa de Cavaco, que hoje assume o maior cargo da nosso pais? Expliquem-se! E os media, por que não desmontam esta fantuchada?
Enerva-me que os portugueses passem mal, por culpa destes Governos do PS, e que a imprensa apenas se importe com o candidato do PSD à Câmara de Lisboa. E com o Magalhães, e mais um ou outro número de circo...
Não acredito que os media que temos sejam incompetentes. Não acredito mesmo. Mas o que sei é que, pelo menos, não são livres.
Posto isto, não posso terminar este artigo, senão colocando uma questão no ar: com 34 anos e meio de democracia, não era já tempo de termos imprensa livre em Portugal?

1 comentário:

luis cirilo disse...

A pergunta final do post levava-nos muito longe.
Mas dir-lhe-ei sinteticamente o seguinte.
Nos anos a seguir ao 25/4/1974 a esmagadora maioria da imprensa era feita por jornalistas de esquerda.
Salvavam-se a Rádio Renascença (depois de desocupada dos esquerdistas),o Expresso,O Diabo e jornais entretanto extintos como o Tempo ou o Jornal Novo.
Digamos que existia uma preponderância ideológica na C.S. que durou até ao advento das televisões privadas.
Hoje,apesar de claras mnelhorias,ainda existe um "pensar á esquerda" na maioria das redacções que contribui para que o PSD seja o bombo da festa.
Compare os ataque de que PSL foi alvo tendo feito o que fez por Lisboa e veja a complacência perante este miserável mandato de António Costa.
Mas existe agora um fenómeno novo,bem pior,que condiciona a comunicação social.
Se ontem era a ideologia hoje é o negócio.
E os grandes grupos de comunicação orientam as suas linhas editoriais face ás perspectivas de negócio e de lucro a qualquer preço.
Com o quarto canal de televisão prestes a entrar em concurso,com a televisão digital a aparecer,com os grandes negócios que se adivinham,vamos assisitir a uma clara tendencia de,pelo menos,não desagradar ao governo.
Ao governo socialista entenda-se.
Porque é ele que vai decidir os grandes negócios.
Se a isso juntar mais dois factos o António perceberá que para nós sociais democratas o caminho é muito estreito:
Por um lado nesses grandes grupos existem muitas pessoas do PSD(é o tal Bloco Central de interesses)que querem lá saber do partido.Querem é negócios.
Embora alguns se não fosse o partido não seriam ninguém.
Rigorosamente ninguém.
E vai daí farão tudo o que o governo quiser.
O segundo factor é a liderança actual do PSD não entusiasmar as pessoas nem transmitir a esperança de poder vencer as eleições.
Se assim fosse talvez ainda houvesse alguma contenção por parte de bloco central de interesses.
Como não é (pelo menos neste momento)creio que corremos o risco de sairmos muito mal deste "filme".
Concluindo:
~Imprensa livre em Portugal penso que a teremos um dia.
Quando o profissionalismo atirar a ideologia para o caixote do lixo e quando a verdade e o rigor estiverem antes dos negócios.
Um dia...