quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Um caos na cidade


Esta noite, tencionava ir jantar a um restaurante localizado à beira-rio, na zona de Belém.
Vinha do Campo Grande, de onde saí às oito e meia da noite, desci até ao Saldanha em direcção ao Marquês de Pombal. Virei à esquerda para descer a Avenida da Liberdade e cheguei finalmente ao pé do Terreiro do Paço. Ao pé, sim, porque o trânsito está fechado nesse local.
Já sabia que o trânsito estava cortado, depois de ter visto e ouvido os lisboetas nas televisões de ontem, numa reportagem curta que revelava o autêntico caos naquela parte da cidade, mas não me lembrei.
No trajecto, não vi um único aviso, nem me foi apontada nenhuma direcção para poder chegar até Belém. Era noite, a barriga dava horas e o tempo passava mais depressa do que as longas voltas que dei. Para chegar até Alfama, fui atrás de três carros que seguiam numa zona de trânsito apenas para transportes públicos. Ali chegado e não havia uma única indicação para me dizer qual o desvio que tinha de fazer para saír daquele caos e chegar até Belém onde tinha combinado jantar.
Desisti eram quase nove e meia. O meu estômago não aguentou mais e tinha medo de, com tantas voltas, chegar ao restaurante e me dizerem que a cozinha já estava fechada e que não me iriam poder servir o jantar. Segui, então, até à zona da Expo e foi aí que comi, finalmente, o meu bife com batatas fritas e um ovo estrelado.
Pelos caminhos que andei, vi muitos prédios devolutos, muitas estradas esburacadas e uma cidade abandonada, quase a caír de podre, cuja única vida é dada praticamente pelos sem-abrigo que procuram comida nos contentores do lixo.
Não havia, à beira-rio, qualquer outro sinal de vida. Daí a ideia que tenho de que é preciso rejuvenescer Lisboa, que vai envelhecendo e morrendo aos poucos.
Quanto ao Terreiro do Paço, acredito que seja uma obra da qual a cidade necessite. Não é isso que ponho em causa. É a completa inexistência de avisos, de indicações de alternativas e a forma completamente desumana e desinteressada com que a Câmara tem tratado os lisboetas.
E não me digam agora os socialistas que a culpa vem do passado ou de difíceis conjunturas internacionais. A responsabilidade é exclusiva de quem está na Câmara e que faz com que haja vários polícias numa mesma rua a atrapalhar-se uns aos outros, que muda os trajectos dos autocarros sem avisar previamente os que usam esse meio para se deslocar, que não indica alternativas para quem quer ir trabalhar ou, simplesmente, jantar fora.
Toda esta barafunda, balbúrdia ou como lhe quiserem chamar, tem responsáveis. Sabemos quais são. E guardaremos este facto nos nossos registos para memória futura.
Hoje, deixo-vos um sinal claro. De desvio. Desta inexistência política. Desta incapacidade para dar vida a Lisboa. Desta claríssima incompetência para governar a cidade. Para um caminho alternativo, seguro e que nos leva mesmo ao destino onde queremos chegar.
Permitam-me uma pista mais, para dizer que não será por acaso que o sinal de desvio que deixo aqui hoje está virado para a direita. Apenas lhe trocaria a cor: do amarelo para o cor-de-laranja.

1 comentário:

Anónimo disse...

Aqui tinhas uma boa oportunidade para dizer q se estao a fazer obras em Lisboa