terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Desilusão



Já tinha falado neste assunto. Repito-o, novamente, espero eu que seja a última vez.
O Sporting não é aquele blogue famoso que escreve constantemente contra o clube. Não são os fóruns onde participam pessoas que preferem a comodidade do sofá em vez do frio do estádio. Não são pessoas que olham para o Sporting como um meio interessante para promover aspirações pessoais.
Não conheço bem o Patrício. Só o conheci no regresso de avião de um jogo que o Sporting fez no estrangeiro.
Sei poucas coisas dele. Vou falar do que sei.
O Patrício não é jovem. É casado. Vive no Algarve.
O Patrício, apesar de tudo isso, foi a Donetsk, foi a Basileia, foi a Berlim, vai sempre ao estrangeiro, vem a Lisboa vezes sem sim, vai ao futsal, vai ao andebol, vai ao futebol.
Possivelmente, o Patrício era um daqueles adeptos do Sporting que foi a Braga na sexta-feira, que foi ao andebol no fim-de-semana e que foi hoje ao Porto.
Como o Patrício, há muitos outros. Gente honesta, de todo o país, que trabalha ou que trabalhou a vida inteira. Gente que sofre pelo Sporting, que chora quando o Sporting ganha, que sente uma dor profunda no coração, que lhe cria mal-estar durante alguns dias em caso de derrota.
Critica-se muito as claques quando há violência. Mas não se fala delas quando dão espectáculo. E omite-se sempre o esforço físico, mental e financeiro que é fruto de uma grande paixão pelo Sporting.
Nas claques do Sporting, há delinquentes. Poucos, mas há. São piores quando estão em conjunto, cometem excessos (como todos os homens).
Mais de metade dos adeptos que estava no sector do Dragão destinado a adeptos do Sporting não é do Porto. Mais de metade nem sequer é de Lisboa. Havia ali gente de Espinho, de Leiria, de Coimbra, de Beja, de Braga, de Guimarães, de Mora, de Aveiro, de todo o Algarve. Havia lá pelo menos dois açorianos. Possivelmente, também lá estariam madeirenses. Ou seja, gente de todo o continente e ilhas, que estuda ou trabalha, que arranjou o seu trabalho sem cunhas. Que não amua nem baixa a cabeça. Que perdeu um dia de férias para poder ir ao Porto apoiar o Sporting.
Há aquele rótulo de que o Sporting é clube de elitistas.
É verdade, o Sporting é também um clube elitista. Elitistas trabalhadores que elevaram o nome do clube com Esforço, Dedicação e Devoção.
O que se pede aos atletas, aos treinadores, dirigentes e a todos os funcionários do Sporting é que tenham respeito pela camisola que vestem e pelo Esforço, Dedicação e Devoção centenários de muita gente sportinguista.
Aqueles que têm o privilégio de vestir a camisola do Sporting têm de se engrandecer perante as dificuldades. E grandes são os que não baixam os braços. Como o Patrício e cerca de dois mil sportinguistas que foram ao Porto e, por causa de uma exibição paupérrima, vão voltar a sua casa, nos mais variados cantos do país, com a tristeza e a dor de um murro no orgulho sportinguista.
Amanhã é mais um dia de trabalho na vida desses sportinguistas.
Tenham respeito por eles. Por eles, não. Por nós. O Sporting somos nós.

2 comentários:

Anónimo disse...

"Como o Patrício, há muitos outros. Gente honesta, de todo o país, que trabalha ou que trabalhou a vida inteira. Gente que sofre pelo Sporting, que chora quando o Sporting ganha, que sente uma dor profunda no coração, que lhe cria mal-estar durante alguns dias em caso de derrota."
Como me revejo neste post. Parabéns! É um orgulho pertencer a este clube. É um orgulho ver e ler que somos na verdade (quer queiram quer não) diferentes. E as suas palavras transbordam sentimento e amor por este nosso clube: Sporting sempre...até morrer.
Ass: Leoa Ferrenha...do norte

António Lopes da Costa disse...

Leoa do norte,

Diz bem. É mesmo até morrer.