"Quando chegou do Brasil e lhe perguntaram se tinha acompanhado o Sporting, o presidente Bettencourt disse: «Infelizmente, estou a par». Já somos dois. Recapitulemos alguns factos.
Na campanha eleitoral recusa-se a debater com o outro candidato. Depois, diz «Paulo Bento forever», ficando refém de um treinador. Já eleito, dispensa Derlei e prefere ir buscar Caicedo.
Como primeiro presidente remunerado do Sporting, diz que vai ganhar menos que o Abel. Uma declaração deselegante para com um jogador do Sporting.
Quando Paulo Bento sai, diz que os sócios ainda vão ter saudades dele, pondo desde logo em xeque o próximo treinador.
Ao mesmo tempo, depois de se ter batido para aumentar o número de sócios, chegando aos 100 mil (uma óptima medida), menospreza um sócio por ser o 90 e tal mil. Menospreza e quer bater.
Depois de não ter força para trazer Villas Boas da Académica, não consegue esconder esse facto e Carvalhal fica desde logo diminuído por se perceber que foi segunda escolha e por não ser apresentado à comunicação social, sendo antes apresentado on-line. O Sporting comunica mais com a CMVM do que com os sócios.
No mercado de Inverno não consegue o regresso de André Santos, porque no contrato de empréstimo o departamento jurídico do Sporting se esqueceu de colocar uma cláusula de resgate. Uma incompetência que devia ser o suficiente para o administrador responsável devolver o prémio. Descobre-se que o direito de preferência sobre Carlão se resume a um acordo verbal entre Pedro Barbosa e alguém do Leiria. Não vale nada, portanto.
Compra João Pereira. Boa contratação. Mas que entra mal no clube ao ser apresentado, não aos sócios e através da comunicação social, mas num jantar de uma claque. Pongolle, esse, custa 6,5 milhões. Não é dito onde estava esse dinheiro no Verão, quando, por exemplo, Nené saiu do Nacional por 5,5.
Sá Pinto anda à bulha com Liedson. Uma das razões para o incidente é a falta de autoridade que Sá Pinto tinha, porque a estrutura não lha conferiu. O incidente é posto imediatamente nos jornais e ainda não se sabe quem é o bufo.
O presidente vai de férias, sem se pronunciar sobre o sucedido.
São publicadas escutas do Apito Dourado. Numa delas, Bettencourt e o Paulinho são injuriados por Pinto da Costa. Ninguém do Sporting diz nada.
O Sporting perde três jogos importantes seguidos. Bettencourt continua de férias.
Antes do jogo com o Benfica, Luís Filipe Vieira (LFV) acusa o presidente do Sporting de faltar à palavra. Não se defende.
A primeira vez que fala nos últimos tempos não é para se referir convenientemente ao caso Sá Pinto e ao bufo, às pesadas derrotas, às referências insultuosas nas escutas ou à acusação de falta de palavra de LFV. Não, é para dizer que Carvalhal depende dos resultados. Exige a este treinador o que nunca exigiu a Bento. Ou o que é que José Eduardo Bettencourt acha que «forever» quer dizer? Volta a desprezar o treinador quando diz que com Bento é que faria uma boa dupla. Portanto, dá este voto de confiança a Carvalhal no dia em que se vai tentar pôr fim a quatro derrotas consecutivas.
Mas não é só isso que JEB diz. Diz também que quer implementar um modelo à Porto, porque o Porto há 30 anos que é o melhor. JEB esquece que o modelo do Porto, escarrapachado nas escutas, assenta em fruta e cafezinhos e que muito tem lesado o Sporting. É que no Porto, em altura de crise, não é o presidente que mandam para o Brasil. É o árbitro.
Percebe-se porque é que o presidente ganha menos do que o Abel: é que o Abel tem de ficar cá a assistir ao descalabro, não se pode pisgar para o Brasil. De onde, se é para dizer estas coisas, JEB mais valia não ter voltado.
Oque é que será preciso acontecer mais para ficarmos todos a par? «Em que é que João Pereira estava a pensar?» É o que muita gente se pergunta. Eu sei a resposta. Estava a pensar no Benfica–Nacional, também para a Taça da Liga, também apitado por Olegário Benquerença, em que uma agressão de Luisão foi punida apenas com um amarelo. O João Pereira achou que as regras são iguais para todos. Achou mal.
Mas justificar a derrota com a arbitragem é tapar o sol com a peneira. Perdemos porque o Benfica foi melhor. Aliás, o erro de arbitragem mais grave não foi o fora-de-jogo mal assinalado, em que o Sporting, no momento em que podia equilibrar a partida, foi cirurgicamente impedido de o fazer. (Até parecia um jogo do Porto, daqueles em que ganha 3-0, mas enquanto está 0-0 há um go-lo mal anulado ao adversário). Não, o maior erro de arbitragem nem foi do árbitro. Foi nosso. Se o Javi García tinha um amarelo, era pôr o Matías perto dele, tentando arrancar o segundo. Nem isso soubemos fazer.
Aliás, Javi nem devia ter jogado, devia estar suspenso pela agressão no Benfica–Guimarães. Esse caso é um bom exemplo para explicar o benfiquismo, principalmente nesta época. E não é pelo argumento «o árbitro viu, mas quis beneficiar-nos», uma admissão descarada do Benfica, usada para anular o sumaríssimo.
Antes disso, no Dia Seguinte, Sílvio Cervan desvalorizou a agressão, dizendo que, na altura, ninguém do Vitória se tinha queixado. Já há três semanas, no Trio de Ataque, um dos argumentos para António-Pedro Vasconcelos dizer que Falcao marcou com a mão foi o facto de um jogador do Paços de Ferreira refilar, a apontar para a mão. Porque para os benfiquistas, quem refila mais, tem mais razão.
O que não é verdade. Basta ver que, em matéria de mãos na bola, na época passada, apesar de o Di María ter refilado muito a pedir mão, não foi por isso que cresceram dedos no peito do Pedro Silva. Mas é um facto que, sendo em maior número, os benfiquistas fazem mais barulho a refilar. Se uma árvore cair numa floresta, sem ninguém ao pé, fará barulho? É indiferente: se as outras árvores forem benfiquistas, o barulho delas abafa o som da queda.
Se Marc Zoro fosse jogador emprestado pelo Porto ao Setúbal e, durante um jogo entre as duas equipas, no último minuto fizesse um penalty daquela maneira, o barulho dos benfiquistas ia ser ensurdecedor. Até já estou a ver a manchete: Zoro sob azul! Como foi com o Benfica, houve silêncio.
O pior é que há quem, estando em posição de decidir, se deixa influenciar e acha que, por haver mais ruído benfiquista, beneficia o Benfica. O barulho é um grande complemento às simulações do Aimar, Saviola e Di María. Com barulho, a agressão do Luisão é menos grave que a do João Pereira.
Para os benfiquistas, quem aponta estas evidências é um anti-benfiquista e, queixam-se eles, o País está pejado de anti-benfiquistas. O que acaba por ser caricato. Depois de dizerem que são 15 milhões. De dizerem que o Benfica é Portugal. Depois de avisarem que vão negociar sozinhos as transmissões dos seus jogos, pois têm mais peso negocial, devido à maioria de espectadores que gostam de ver o Benfica. Depois de dizerem que é normal que a Sagres lhes pague mais, pois têm mais consumidores simpatizantes. Depois de dizerem que é óbvio que compensa ao Estoril fazer um jogo decisivo no Algarve, pois os benfiquistas enchem o estádio, aumentando a receita. Depois disto e quando se sabe que a maioria da imprensa desportiva é benfiquista e que uma cobertura favorável ao Benfica vende jornais e dá audiências, ainda se queixam que estão todos contra o Benfica. Todos? Todos, quem?"
3 comentários:
Esta assino por baixo !
Este último parágrafo foi do mais certeiro que tenho lido ultimamente.
Parabéns!!!! E também eu assino por baixo.
Contra tudo e contra todos, sou, e serei sempre sportinguista de alma e coração.
Ass: Leoa Ferrenha do Norte
O PRESIDENTE DO SCP, TEM-SE QUE SER DEMITIDO.
RUA.
SÓCIO 6150
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