terça-feira, 14 de setembro de 2010

Políticas de plástico


Depois de muitos anos de rigidez, entrámos na fase das políticas de plástico.
E o que são, então, as políticas de plástico?
São como os produtos de imitação, esteticamente idênticos aos originais, mas sem a composição que faz com que o produto original seja mais caro.
Os efeitos de comprar a imitação, em vez do original, não se notam no imediato. O produto funciona, de modo a enganar suficientemente bem o cliente, durante um determinado período de tempo. Mas quando se estraga, estraga-se definitivamente, porque já não tem reparação.
Há, porém, uma diferença entre as políticas de plástico e os produtos de imitação. É que aquelas, para terem boa aparência, e ao contrário do que acontece com estes, não são baratas.
As políticas de plástico são também resultado de um tempo novo na política global, que dá demasiado valor à imagem, em detrimento da substância do discurso político e das medidas concretas.
Reconheço que vejo, em Sócrates, um sonhador. Sonha com um país mais evoluído, mais qualificado, mais competitivo e mais inovador, sobretudo no que toca ao sector do ambiente e das novas tecnologias. O problema é que Sócrates, ao longo de cinco anos como Primeiro-Ministro, não tomou medidas de fundo. Apenas plastificou o seu sonho.
Veja-se, como exemplo, o que aconteceu na educação. Foram distribuídos computadores, retirou-se exigência ao ensino, etc.! A estatística diz-nos que há mais licenciados, que há mais gente no ensino superior, que muitos portugueses aderiram às também plásticas, porque socráticas, Novas Oportunidades. Mas isso não quer dizer que os portugueses estão, de facto, mais qualificados.
O problema não está, também, nessas estatísticas, aparentemente positivas, mas pouco conclusivas. Está noutras. Nas que mostram a dimensão do défice, nas que revelam a despesa pública, ou nas que alertam para o crescimento, em flecha, do número de desempregados.
Outro exemplo tem que ver com o Empresa na Hora. É certo que muitas empresas foram criadas. E ainda bem que foram. Mas também isso é plástico. Quantas dessas empresas sobreviveram? Quantas, das já existentes, fecharam as portas?
Estes exemplos servem para dizer que faltam, em Portugal, políticas de fundo. E uma oposição com ideias fortes, sustentadas, que não apresente o plástico como alternativa ao plástico.
O país já está demasiado plastificado. E atenção a isso, se continuar durante muito tempo. Porque políticas de plástico não têm conserto.
Só há, portanto, uma solução. Que não passa pela reparação, mas pela substituição de quem está no Governo, substituição que quanto mais depressa acontecer, mais e maiores males conseguirá evitar.

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