sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Para já.

Sobre um inventado "caso das casas", que merecerá um texto próprio na próxima semana, aqui deixo a ligação para um texto escrito pela Inez Dentinho para o Geração de 60.

Afinal era mentira, por Inez Dentinho.


Passava um minuto da meia noite e meia de ontem quando o Correio da Manhã fez publicar seis linhas on line sobre a ilibação de Helena Lopes da Costa das graves acusações de que foi alvo, há dois anos, durante a campanha para as Autárquicas de Lisboa. Sob o título «Ex vereadora absolvida», a timidíssima notícia adianta «O Tribunal da Relação de Lisboa não deu provimento ao recurso do Ministério Público sobre a não pronúncia da Ex Vereadora da Câmara de Lisboa, Helena Lopes da Costa, a propósito da atribuição de casas da autarquia. O Ministério Público tinha feito uma acusação por cerca de 20 crimes mas a actual deputada não foi pronunciada e julgada». Na época, os jornais não falaram em cerca de 20 crimes mas em 22. Deram-lhes nomes e pormenores sórdidos. O título do DN denunciou o «Lisboa Gate», a SIC falou no assunto de hora a hora, tal como os outros canais de TV.

Bem sei que o CM fecha antes da meia noite e que a edição escrita de hoje não poderia incluir esta notícia. Veremos o CM de amanhã. Mas, se houvesse algum sentido de proporção e de pudor, já não digo de Justiça, o erro sobre a acusação de alguém inocente deveria ser minimamente destacado on line.

Recordo como tudo surgiu: estava em discussão se Santana Lopes deveria ser candidato a Lisboa. Lançaram-se suspeitas graves sobre a atribuição indevida de casas a próximos de Santana que chegou a ser constituído arguido durante um tempo. A campanha foi para a frente com esta «bandeira eleitoral» até que, afinal, a investigação fez surgir casas e mais casas entregues a dirigentes da esquerda virtuosa e a proto-intelectuais, como Baptista Bastos. O assunto arrefeceu, não fosse a lama da ventoínha continuar a espirrar para mais nomes da rosa.

Veio a verificar-se agora que as acusaçõas à Vereadora de Santana não passaram de uma atoarda. Curiosamente na mesma semana em que um canal de televisão faz uma peça com Helena Roseta a dizer que as rendas de casa vão passar a ser conforme os rendimentos dos inquilinos para acabar com os abusos de longa data. A peça «jornalística» não cuidou de ouvir a Oposição na CML sobre a mesma matéria, o que no meu tempo de jornalista seria um pecado mortal. Nem tão pouco se interrogou porque é que essa actualização ainda não foi feita, ao fim de quatro anos de poder PS na CML. E nem se informou do preceito, inaugurado pelo socialista Vasco Franco nos anos 90, de actualizar anualmento o levantamento das rendas. Sabemos que a fiscalização e manutenção das boas regras é menos empolgante. Mas deve ser feita porque há muito tempo que acabou o arraial das campanhas e dos amanhãs que cantam. Poder é responsabilidade. Poder é trabalho. Poder é serviço.

Mas, aparentemente, nascemos todos hoje, como as notícias do dia.

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