terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Repetição

Já aqui tenho defendido duas coisas: a racionalização dos recursos humanos do Estado e a criação de uma polícia especializada, para lidar com claques e outros grupos de delinquentes.
O que se passou, ontem, em Alvalade, começou entre delinquentes do Sporting e delinquentes do Benfica em Telheiras, já se passou noutros locais, no Porto ou em Guimarães.
Pode ser evitado.
Basta que sejam interceptadas as conversas entre grupos rivais onde se combinam cenas de pancadaria, em locais onde não está a polícia.
Há que interceptar essas conversas, há que identificar os seus intervenientes, há que detê-los, há que impedir que entrem, para sempre, em recintos desportivos.
Isso só pode ser feito através de uma força de segurança especializada neste tipo de incidentes.
Pior do que não conseguir identificar o criminoso, pior do que não conseguir prendê-lo, é ter uma polícia desqualificada, que actua indiscriminadamente sobre quem lhe aparece à frente, incluindo idosos, crianças e mulheres.
O que eu vi ontem, junto e dentro de um café chamado "Ponto de Encontro", no meu sector no estádio e na superior sul, com crianças com a cara rasgada junto ao olho, idosos estendidos no chão, raparigas agredidas, casais escondidos, foi um cenário completamente aterrador.
Por uns, não podem pagar todos. Mas há que perseguir e punir, de forma absolutamente exemplar, os adeptos do Sporting e das outras equipas que confundem o futebol com uma guerra e que fazem, do estádio e das suas imediações, autênticos campos de batalha.
Na minha opinião, volto a dizê-lo, isso só pode ser feito através de uma força de segurança especializada, competente para investigar e qualificada para agir quando for caso disso. Se, em vez de polícias de intervenção nervosos, com uma actuação sem nexo nem táctica nem coisa nenhuma, estivessem militares, preparados física e psicologicamente para cenários como aquele que se viveu em Alvalade na noite de ontem, o Sporting - Benfica teria sido só mais um derby disputado em campo por dois eternos rivais da cidade de Lisboa.
Assim, não foi. O Benfica ganhou, e bem, no relvado. Mas fora dos limites deste, foi o futebol e o desporto que perderam tudo aquilo que tinham para perder: a sua dignidade.
Esperemos que não seja preciso morrer ninguém para que o Estado, através dos meios que já dispõe, reponha a segurança no espectáculo desportivo, irradiando os marginais dos recintos desportivos, garantindo que o futebol possa voltar a ser a festa dos amigos e das famílias.

1 comentário:

Tite disse...

Algo tem mesmo que ser feito pois o nosso maravilhoso Estádio já está às moscas a maior parte do tempo. Como posso convencer o meu filho a levar os meus netos se este espectáculo aflige qualquer Avó/Avô por mais fanático e cegueta que se considere?

Estes acontecimentos levam-me a ter saudades de outros tempos e notem que nem sequer sou saudosista pois ambiciono conhecer novos mundos, novas eras mas... estou a ficar francamente assustada.

Por mim votava já o fim das claques. Quem não tem juízo não tem direito a privilégios.