sábado, 16 de abril de 2011

Outra crise. O projecto comum.


Quando se ousou pensar num projecto de construção de uma Europa forte, unida e sem barreiras, a conjuntura e os desafios que se colocavam aos europeus eram muito diferentes do que aqueles que caracterizam a actualidade. O problema é que as dúvidas mantêm-se as mesmas. Desde o início do processo de integração que vivemos em meios-termos. Mas são as crises que provocam as mudanças, são o motor da construção de um mundo novo e do progresso. A Europa tem definitivamente de decidir o que quer ser no futuro: se regressa à plena soberania dos Estados, dando maior peso às identidades nacionais, ou se cria uma Europa plena e forte, com uma só voz e um só comando, capaz de responder de imediato, curando os pequenos vírus que vão aparecendo e que, apesar da sua pequenez, estão a contaminar e a matar o projecto europeu.

Pessoalmente, creio que a crise do projecto europeu era expectável e, porventura, inevitável. É muito difícil mudar, em meio século, o que foi construído em alguns casos durante praticamente um milénio. E há muitos obstáculos dificilmente ultrapassáveis, já que não existe, nem pode existir, uma língua europeia ou uma cultura europeia. Na verdade, por assim ser, é difícil criar-se de raiz uma identidade europeia, que continua a não existir.

Não acredito, porém, que estejamos num período que ditará a falência do projecto.

Mais tarde ou mais cedo, os finlandeses, os alemães e os outros, se os vier a haver, vão-se aperceber que estão a conduzir os seus países e a União Europeia para um caminho muito perigoso, sendo responsáveis por ter iniciado uma afronta séria ao projecto comum e aos princípios que lhe são inerentes.

Se não concordam com esses princípios, pois então que o assumam económica e politicamente, saindo do Euro e da União. Bem sei que têm toda a razão nas críticas que fazem ao desempenho miserável dos agentes políticos internos em Portugal, mas estes "miseráveis" lideram gente honesta, trabalhadora, visionária que, não só em Portugal como também noutros países da União (incluindo a Alemanha) ajudam, com a força do seu trabalho, a economia europeia. E esta gente trabalhadora, honesta e visionária pode, se quiser, deixar de comprar produtos com determinada origem, arruinando economias por atitudes anti-europeístas.

O dramatismo do tempo que vivemos tem tirado o discernimento e a lucidez. Mas quando houver discernimento, quando houver lucidez, teremos de discutir, todos nós, os europeus, o que queremos do nosso futuro.

Pessoalmente, eu continuo a acreditar que, das dúvidas que persistem, irão nascer certezas. Continuo a acreditar no projecto europeu.

3 comentários:

Catarina disse...

António,

Dinamiza mais o teu blogue!!
Escreves bem mas tens de actualizar o design do blogue, pô-lo mais apelativo, mudar as cores, a orientação do texto, escrever textos menos densos por vezes.
No fundo, dar-lhe um novo ar, fazer um update. Assim as pessoas terão mais vontade de ler e comentar!
Beijinhos e boa sorte de uma rapariga que já andou na tua faculdade mas que odiou e saiu! Catarina

António Lopes da Costa disse...

Catarina,

Obrigado pela sugestão. Na verdade, já tenho pensado nisso, mas tenho tido pouco tempo. Quanto aos textos, alongo-me muitas vezes. Uns gostam mais, outros gostam menos. Mas é mesmo assim que eu sou! Depende dos dias, do tempo, do que acho necessário para explicar as minhas opiniões. Quanto à imagem, como te disse, tenho tido pouco tempo. Mas tenho pensado nisso. Vou ver se é possível que alguém que perceba mais disso do que eu me possa ajudar para fazer o tal update!
Quanto ao curso, saíste porquê?

Beijinho, António

Catarina disse...

Quanto ao curso, simplesmente tinha zero a ver comigo. Não gostei mesmo. Agora já estou mais contente no meu novo curso, thank god! E sabes qual é? História!!

Beijinhos e continuação de boas escritas no teu blogue!
Cate