sábado, 29 de outubro de 2011

O Vitória


Como penso que não é difícil de entender, sou sócio e adepto do Sporting. Esse é o meu único clube. Sempre o foi, sempre o será. Além de ser do Sporting, simpatizo com outros clubes. Desde logo, o Belenenses, clube do coração do meu avô falecido. Fora de Portugal, o clube com que mais simpatizo é a Fiorentina. Pela identidade, pelas cores, pela mística, pela cidade. E, além da Fiorentina, por força do meu tio que, desde cedo, me tentou enraizar a paixão pelo Liverpool, esse é o meu clube de Inglaterra.
Apesar de, como qualquer adepto de futebol, ter o sonho de ir a Buenos Aires ver o Boca Juniors jogar em casa cheia no La Bombonera, não tenho propriamente outro clube que não o Sporting nem simpatizo permanentemente com outros clubes além daqueles que referi. Mas isso não me impede de querer adversários fortes, que cultivem os factores que os tornam diferentes, de modo a potenciarem a competição.
Acho que o futebol só se concretiza, do ponto de vista da competição, quando todas as equipas jogam com todas as suas forças.
Nesse sentido, estou francamente preocupado com a situação no Vitória de Guimarães.
É um clube que tem tudo para ser um grande. Tem a cidade atrás de si, uma massa adepta que apoia exclusivamente o Vitória, uma identidade que se confunde com as raízes da História de Portugal, um estádio com as condições necessárias para que joguem, ali, grandes equipas.
O que torna o Vitória diferente é, para quem olha de fora, a imparcialidade nas recepções aos adversários, que todos tratam enquanto adversários a derrotar, e a parcialidade no apoio incansável e extremo ao clube da terra.
Em proporção, não sei se há outro clube português que faça deslocar tantos adeptos aos estádios do país. E é esse apoio inabalável que constitui o maior factor de distinção do clube. Por isso, os jogadores sentem que se devem empenhar mais. E, com mais empenho, nascem novos atletas. Como Meira, Mendes, Assis. Como Pedro Barbosa. Não é por qualquer motivo que, tendo passado pelos grandes, não deixam de sentir o Vitória como o seu único clube.
Mas o que aconteceu ao Vitória depois do legítimo entusiasmo da pré-época?
Aconteceu o que eu previa. Que são consequências de uma política externa que descaracteriza o Vitória e que tem sido a imagem de marca dos actuais dirigentes. Deixou de ser equidistante, aproximou-se de quem tinha ambições no poder e perdeu a sua própria identidade. Ora, isso tem reflexos no interior. Porque os "subordinados" do Vitória sentem que nem todos estão ali de corpo e alma, que nem todos estão ali por mérito, que nem todos estão ali a pensar exclusivamente no Vitória.
Além disso, o Vitória tem, no futebol, um plantel completamente desequilibrado. Tem, em certas posições, demasiados jogadores, talvez os mesmos que faltam noutras. E isso não é mais do que falta de planeamento, próprio de quem não estava precavido para o insucesso de negociações que levassem ao regresso de um jogador, de quem não sabia o que queria, de quem não fazia ideia do que o Vitória precisava para atacar um lugar cimeiro, apurando-se para as competições europeias.
Está agora, e por demérito seu, no último lugar da liga. Com franqueza, e tendo em conta o jogo que vi frente ao meu Sporting, o Vitória, ainda para mais a jogar contra dez, demonstrou a ter a pior equipa desde que me lembro. Ficou derrotada aos quatro minutos. E isso, não sendo normal, realça aquilo que referi nos parágrafos anteriores.
E as contas? Essas não são uma causa. São uma consequência.
Como se muda? Mudando. Mudando muito. Com nova Direcção, que sinta mais o Vitória e lhe devolva a identidade. Com nova política desportiva. E, por arrasto, sem que Rui Vitória o mereça, o Vitória necessitará de um novo treinador. Precisa, assim, de lavar a cara. De arregaçar as mangas, de voltar ao zero, de começar tudo de novo. Depois disso, precisa de duas vitórias consecutivas para ganhar alento para o futuro.
Se me permitem os adeptos do Vitória, faço aqui a minha sugestão.
Para a presidência, escolheria a competência, a paixão e o sentido de realidade e de sonho de alguém como Luís Cirilo.
Competência pelo seu trajecto profissional. Paixão pelo seu Vitória. Sentido de realidade em cada crítica que faz. Sentido de sonho na ambição que tem em fazer com que o seu Vitória chegue a um lugar que merece.
Sente o Vitória da mesma forma que o sentem sócios e adeptos. E isso é fundamental para que, ao Vitória, se devolva a sua identidade. Fá-lo sempre com um incansável entusiasmo, factor fundamental em quem se elege para liderar.
E, dr. Luís Cirilo, permita-me que lhe recomende publicamente um treinador. Sabendo, os dois, que Rui Vitória é o menos culpado dos culpados, parece-me que não tem condições objectivas de continuar. Assim sendo, e se essa situação for mesmo impossível de reverter, convide o José Peseiro para treinador. É um homem capaz e com estofo. Fez omoletes sem ovos no Sporting, chegou a uma final europeia, não foi campeão porque Paraty não deixou. Com ele, joga-se ao ataque, o futebol leva gente ao estádio. Encanta adeptos e adversários.
O Vitória não pode estar sujeito a jogar na liga dos últimos. Merece, por aquilo que é e pelo que representa para a região e para o país, estar entre os primeiros.
Fica feita a minha análise. Fica feita a minha sugestão.
Depois falamos.

1 comentário:

Anónimo disse...

Ora ai esta um clube que não Gosto mesmo nada. Ao contrario da cidade e da região.
IL