quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Derrotar José Sócrates - Opiniões diferentes



É normal que as pessoas tenham opiniões diferentes. Mesmo dentro de um partido político isso acontece e é mesmo de louvar que a diferença também se destaque dentro de um partido político. No fundo, é mesmo a diferença de opiniões que fez nascer a democracia.
Naturalmente, tenho uma opinião diferente de outros militantes do meu Partido. Uns partilham as minhas opiniões, outros não, o que é normal. Isto, apesar de admitir que entre as pessoas que não partilham a minha opinião, há várias pessoas com quem concordo, na generalidade das questões que dizem respeito ao comportamento político do PSD.

Eu estive fora do país, mas tive a oportunidade de observar que alguns dirigentes do PSD fizeram questão que realçar aquela questão relativa ao trabalho anterior de José Sócrates. Neste caso concreto, tenho de admitir que não posso estar de acordo com o comportamento do PSD. E não estou de acordo por várias, mas claras, razões. Deixo apenas alguns exemplos para explicar a minha discórdia.

Em primeiro lugar, um partido político deve questionar, apreciar e criticar o trabalho de uma pessoa que ocupa cargos políticos observando apenas o trabalho realizado na condição do cargo que ocupa. Ora, estando José Sócrates como Primeiro-Ministro, o PSD deve apreciar, questionar, apresentar alternativas e criticar o trabalho de José Sócrates só enquanto o mesmo foi realizado na condição de Primeiro-Ministro. Tudo o resto interessa só para apreciar a pessoa José Sócrates e não para apreciar o Primeiro-Ministro José Sócrates. Ainda por cima não estamos a falar de situações passadas há pouco tempo.
Seria incoerente se eu tivesse outra opinião. Assim, por exemplo, devo apreciar, criticar, etc., um médido pelo trabalho que fez enquanto médico, e, por outro lado, devo criticar o trabalho de um treinador de futebol que treina a equipa X pelo trabalho e resultados que nela obteve, não sendo importante qualquer hipotético insucesso que teve numa equipa que treinara anteriormente. Não é, também, o engenheiro José Sócrates ou o autarca ou deputado José Sócrates que deve ser "atacado", mas somente o Primeiro-Ministro José Sócrates. Ainda para mais, não faltam razões para se "atacar" José Sócrates por essa via, com tantas promessas que fez e não cumpriu e pelo mau governo que lidera.

Mas há outras razões. Na altura em que se debateu a forma como José Sócrates acabou o curso, Luis Filipe Menezes e a esmagadora maioria dos portugueses, nos cafés, nas rádios, nas televisões e um pouco por todo o lado, criticou o comportamento do PSD, liderado, na altura, por Marques Mendes. Eu e todos esses portugueses esperávamos que o comportamento do PSD se alterasse relativamente a matérias análogas. Essa alteração não se sucedeu. Pelo contrário,...
A mim incomoda-me que o PSD cometa erros destes. Ainda para mais porque penso que a maioria dos portugueses, informados, no fundo, acha que José Sócrates não tirou o curso da forma como devia ter tirado. Quanto às casas na Covilhã, das duas, uma: ou não foi José Sócrates o engenheiro daquelas obras ou então José Sócrates tem péssimo gosto e é um mau engenheiro. Disso não há dúvidas. Agora, se não há dúvidas, pois que se ataque pela via que recomendo: que se ataque José Sócrates pela política do governo, enquanto liderado pelo mesmo.

Deixo ainda uma última razão. Existe um forte clima de suspeição na política, clima que é cultivado por vários militantes do PSD, quase dia-a-dia. Militantes sem alma, sem espírito social-democrata e que estão no PSD para se servirem e não para servir o Partido e o País. Esse mesmo clima já deu algumas vitórias internas mas no que diz respeito ao combate político (autárquicas, legislativas, etc.), quando o PSD cultivou o clima de suspeição, criando crises, perdeu sempre. Seguramente, o segredo para dar a volta estará em cortar com esses militantes e com a suspeição, por eles, criada, sempre com péssimas consequências para o PSD.

Como disse atrás, é normal que haja opiniões diferentes. E a minha opinião, nesta matéria concreta, é diferente do comportamento adoptado pelo meu Partido. Há muita matéria que o PSD deve aproveitar para ir tirando força ao Primeiro-Ministro e para chegar ao Governo em 2009. Todas essas matérias atraírão a atenção dos portugueses. Sendo assim, aquilo que eu e, milhões de portugueses, queriamos era que o PSD atacasse, só e com mais força, a política de saúde, a política de cultura, a política de educação, ...!

Escrevo isto com uma única finalidade: José Sócrates é derrotável e tem mesmo de ser derrotado, e de que maneira, em 2009.

1 comentário:

Anónimo disse...

O menino tem toda a razão: a crítica às 'engenharias' do Sr. Pinto de Sousa não devem vir de altos dirigentes do PSD. Menezes disse que, não entraria nesse jogo e foi duramente criticado, por uma parte da oposição interna. Os mesmos que criam um «clima de suspeição na política, clima que é cultivado por vários militantes do PSD, quase dia-a-dia. Militantes sem alma, sem espírito social-democrata e que estão no PSD para se servirem e não para servir o Partido e o País» -citei. É este o retrato deles e muito nítido!

Realmente devíamos atacar as opções políticas do governo PS, mas cada vez isso é feito, dá-se mais relevo, nos media republicanos, socialistas e laicos aos incapazes que só ajudarão Pinto de Sousa e os seus mentores do PS a destruir, por dentro o PSD.

Concordo consigo novamente quando diz «o segredo para dar a volta estará em cortar com esses militantes e com a suspeição, por eles, criada, sempre com péssimas consequências para o PSD».

O prof. Marcelo já os mandou reflectir sobre os seus comportamentos que levaram ao colapso em Lisboa. A minha opinião é que esta malta -que só conhece a Lapa e Cascais- não entendeu que os militantes os abominam -e não foi preciso ver o PS 'pagar' com directorias no BCP...

Quem tiver entendimento que entenda!