domingo, 3 de fevereiro de 2008

Parêntese


A escola é o sítio onde se aprende. E aprende-se muito. Coisas que jamais iremos esquecer.
No Colégio S.João de Brito, aprendi milhares de coisas. Umas coisas sobre a matéria das diversas disciplinas e outras sobre formação humana. Neste segundo grupo, aprendi uma coisa que, de certa forma, mudou a nossa formação e nos tornou mais responsáveis. Disse José Maria Antunes, meu professor de Matemática, que não devemos explicar eventuais insucessos nas disciplinas, dando o argumento do professor: dizer que não gostamos dele, que ele não gosta de nós, entre outros. Mas, no primeiro grupo, lembro-me que, no âmbito da disciplina de Introdução ao Direito, do 12ºAno, me foi ensinado, que existe um grupo de regras que devemos cumprir, tendo estas como sanção, pelo seu não cumprimento, a reprovação pela sociedade, ou por alguns elementos dela. São as normas de trato-social.
Eu, por exemplo, acho, pelos menos, "chato quando, na manhã de um exame, uma professora da cadeira não nos responda quando lhe damos o "bom dia" quando nos cruzamos num corredor da Universidade e nos olhamos um ao outro. Se ela sabia quem o aluno era, e vice-versa, impunha-se, pelo menos por boa educação desejar "um bom dia", ainda para mais na manhã de exame da sua cadeira.
Naqueles momentos de pausa e de descontração nas aulas, aprendi, não vou dizer por quem apesar de o saber, que nos testes e exames podemos copiar, desde que não sejamos vistos a fazê-lo.
Agora, soube de um caso de uma cadeira em que fiz exame, em que foi encontrado um saco com apontamentos e com o livro de uma cadeira na casa de banho durante um exame dessa mesma cadeira. Ninguém viu ninguém a pô-lo lá e ninguém o foi lá buscar. Na mesma cadeira, no exame de 1ªFase, uma colega viu o seu exame ser anulado pela utilização, indevida, de cábulas.
Eu só não compreendo por que razão recebemos, todos os alunos que fizeram a cadeira, um e-mail a falar do saco de lixo na casa de banho. Também não compreendo por que razão, numa altura de grande tensão como aqueles minutos que antecedem o início do exame que nos tenhamos de levantar todos para ir pôr as mochilas lá à frente. Mochilas, livros, apontamentos, carteiras, telemóveis, casacos...Como se alguém que quisesse, de facto, copiar não arranjasse um "esquema" para o fazer. Os "cábulas" conseguem arranjar sempre esquemas para não cumprir as ordens do professor. E quem quer fazer o exame só com a ajuda da sua memória e da sua cabeça acaba por ter um motivo para se desconcentrar imediatamente antes do seu exame começar. Sem razão que o justifique.
Se há professores a vigiar exames, então que vigiem. Mas vigiem mesmo. E vigiem só. Não acho admissível que os professores interrompam os alunos que estão a fazer os exames dando desabafos em voz alta para todos ouvirem a meio de um exame. Nem posso compreender como é possível que estando no meio da sala consiga ouvir o burburinho que os professores fazem nas conversas entre si também a meio dos exames.
Com tudo isto, também ao nível académico se cria um clima de suspeição e de injustiça. Que também não se justifica. Tem de haver um clima de confiança entre alunos e entre alunos e professores. Vivemos há dezenas de anos num ambiente democrático e de liberdade e não se justifica que durante um exame sejamos interrompidos pela mínima razão e observados como se fossemos uns terroristas.
Se forem vistas pessoas a copiar, então que haja uma consequência. E que não se incomodem os outros que, comprovadamente, não oferecem razão para qualquer tipo de interrupção.
Não se devem aplicar, muito menos na vida universitária e, menos ainda, num curso de direito, os princípios, errados, de se "fazer justiça pelas próprias mãos" e de que "por um pagam todos".
Não quero, de nenhum modo, criticar ninguém. Até porque nada afecta a minha estima e admiração por qualquer aluno, qualquer docente, qualquer professor... Este artigo surge no contexto de este ser, mais do que o espaço onde falo de política, futebol e outras coisas, a minha página pessoal na internet. Enquanto estudante, é legítimo que fale de assuntos da minha Universidade. O que escrevo, escrevo enquanto estudante, desagradado com coisas "acessórias", mas que merecem correcção. Porque quem são prejudicados são os alunos. Ou melhor, são prejudicados sempre os mesmos alunos.
Depois de um intenso estudo para os exames, que quase nos faz não "viver" o mês de Janeiro, estou, finalmente, de férias, feiras que são mesmo muito merecidas.

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