quinta-feira, 17 de junho de 2010

Pacheco Pereira, o grupo parlamentar e a comissão de inquérito ao negócio PT/TVI


A maioria dos leitores deste blogue não gosta do Pacheco Pereira.
Há, até, quem o odeie. Quem não o consegue ouvir falar sem se enervar. Quem, pura e simplesmente, nem sequer o consegue ouvir.
É comum entre os homens, estes sentimentos que se tem pelos outros.
Eu tenho, pelo Pacheco Pereira, respeito e consideração.
Sempre tive.
Agora tenho mais do que isso.
Porque, na Comissão de Inquérito ao negócio PT/TVI, Pacheco Pereira fez aquilo que os portugueses queriam que alguém fizesse: pôs os políticos na ordem, chamou o boi pelos nomes e pegou nas provas que tinha para dizer aquilo que todos os portugueses já sabiam e que queriam que alguém dissesse.
Durante muitos anos de democracia, havia um sentimento de cumplicidade generalizado entre todos os partidos, nas alturas em que, por alguém ter metido a pata na poça, esse alguém precisava de ser encoberto.
Em Portugal, foi sempre assim. Até ao dia em que Pacheco Pereira foi mais longe.
Para tal, pôs os deputados socialistas com o coração nas mãos e o presidente da mesma Comissão, pelo qual tenho também muita admiração, a tremer como as árvores tremem ao sabor do vento.
Já chega de promessas por cumprir, de Freeports, mas também já chega de vermos tantas mentiras e faltas de respeito aos portugueses e à democracia que este país construiu.
Muito pelo contributo de Pacheco Pereira, a mentira de Sócrates na Assembleia da República foi descoberta nessa mesma Assembleia da República.
E isso dignifica a Casa da nossa Democracia, promove a qualidade e verdade no discurso político, fortifica a classe política e engrandece muito o próprio Pacheco Pereira.
Está bem que não é por aí que se deve atacar o engenheiro Sócrates e o seu Governo. Não é.
Mas também não é isso que se quer.
Em Setembro, o PSD comprometeu-se com a Verdade. Verdade à qual o engenheiro Sócrates faltou. E, por isso, sai fragilizado, aparecendo, também, comprometido com um negócio que não se deu. E que, por não se ter consumado, deu origem a outro. Que afastou Moniz da direcção-geral da estação e Manuela Moura Guedes do seu telejornal, onde, fundamentando com factos nunca desmentidos, revelava episódios estranhos que envolviam o Primeiro-Ministro. Mas essa é outra história.
Talvez o trabalho desenvolvido pelo grupo parlamentar do PSD tenha sido um estímulo para que também se chegue à verdade nessa história.
Para já, o que importa dizer é que sai por cima o PSD (e o seu grupo parlamentar), sai por cima a Comissão de Inquérito (apesar das conclusões não serem tão claras como os factos conhecidos), sai por cima a Assembleia da República, sai por cima (e de que maneira) o Pacheco Pereira. Porque foi dos poucos que prestigiou a função e a classe a que pertence.
Quanto ao resto, o resto é conversa…

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