terça-feira, 12 de outubro de 2010

O Orçamento e a esquerda!


Nos últimos tempos, Sócrates tem tido uma maior dificuldade em fazer esconder a enorme nuvem negra que paira por cima do país, como consequência directa da sua governação.
Mas o pior pode não ser o tempo que corre, mas o que está para chegar. Teme-se, agora, que o próximo capítulo de uma parte muito triste da História de Portugal, traga uma crise política, por ocasião de um eventual chumbo do Orçamento de Estado.
Há, de facto, razões para temer. Porque, por muitas divergências que existam dentro do PSD, e existem de facto, há um consenso no que respeita ao equilíbrio das contas públicas nesta hora em que, ao contrário do que vendia Sócrates, se verifica que estas afinal não estavam em ordem. Longe disso, até!
O PSD quer, e creio que com a razão do seu lado, que o Estado corte nas suas despesas. Estará convencido o PSD, como também eu próprio estou convencido, de que a solução para combater a crise, reduzir o défice e impedir a estagnação da nossa economia poderá passar apenas por um corte na despesa. Um corte drástico.
Penso assim por uma razão simples. Os portugueses estão, há demasiado tempo, a apertar o cinto. Poderiam até compreender que se tivesse de apertar um pouco mais. Porque mais buraco, menos buraco, mais mês, menos mês e o sacrifício até poderia ser suportável. Acontece, porém, que deixou de ser. E pior do que isso é que o sacrifício que é pedido aos portugueses não se tem traduzido numa melhoria para as contas do Estado e, menos ainda, nas condições de vida das pessoas.
Aliás, duvido muito que o aumento do IVA, tendo em conta a situação das empresas e das famílias, agravadas ainda com as outras medidas anunciadas por Sócrates e Teixeira dos Santos, corresponda a um aumento significativo das receitas estatais.
Mesmo que corresponda a um aumento real das receitas do Estado, este não será destinado a melhorar as contas públicas, mas servirá apenas para cobrir algumas despesas imperceptíveis por quem é, pelo menos, sensato. Aqui refiro-me muito concretamente ao TGV, um fetiche destes socialistas, porventura instigados pelos camaradas do lado de lá da fronteira no sentido de que estes possam ter acesso a um superior montante de fundos comunitários.
O PSD é contra isto. E o CDS também.
Mas há quem seja a favor. A favor de uma maior despesa pública, de um aumento do investimento público e do avanço do TGV nestas circunstâncias.
Por que razão não vota, então, a esquerda parlamentar, extrema e radical, a favor do Orçamento? Ou, pelo menos, por que não se abstém?! Vão votar contra as ideias e políticas que defendem? Isso é que deve ser discutido pelos analistas políticos. Porque se a esquerda tem ideias e vota contra elas, então não valerá a pena voltar a votar nessa esquerda extrema, que ocupa muitos lugares na Assembleia, que poderiam ser muito mais úteis, se viessem a ser “dados”, pelos portugueses, a outros pequenos partidos.

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