terça-feira, 12 de outubro de 2010

Responder à crise!


Tenho cada vez mais dificuldade em perceber os partidos políticos representados no Parlamento. À esquerda não se consegue ir além de dizer que o PS teve políticas de direita. À direita teme-se que se ponha o pé na poça, mas também o facto de poder passar a ser responsável por uma governação exigente com medidas muito difíceis. Ao centro joga-se à batata quente. Na revisão constitucional. Na palavra de um contra a palavra do outro. No Orçamento de Estado para 2011.
E fora do Parlamento, os portugueses, que lá são politicamente representados, já perderam a pachorra para a infantilidade de quem quer jogar o jogo do gato e do rato.
Vivemos uma crise. E exige-se que os políticos tomem medidas. Mas mais do que isso, impõe-se, aos políticos, um discurso que nos diga a forma de combater a crise.
E como se sai da crise? Gerando riqueza. Dando vida à economia. Fomentando o fôlego às famílias e às empresas.
Se estivéssemos num exame, num teste, numa frequência, poder-nos-ia parecer que esta pergunta era de resposta complicada. Quem sabe, até poderia ter ratoeira.
Mas não tem. A uma crise responde-se, fundamentalmente, com trabalho. Muito, mais e melhor trabalho. Se queres trazer mais dinheiro para casa, para não morreres de fome, para que o teu filho não sofra muitas dificuldades, para poderes pagar o que deves ao banco, trabalha o dobro. Se queres que a tua empresa ganhe mais dinheiro, incentiva o trabalhador, ajuda-o a trabalhar mais e melhor, a vender melhor o teu produto. Puxa mais pela tua cabeça.
É isso que os políticos devem dizer aos portugueses. Em vez de os sacrificarem outra vez, sacrifiquem o Estado gordo, supérfluo e esbanjador. Aos portugueses não falem mais de dificuldades, porque essas já eles conhecem bem. Falem-lhes da forma de ultrapassar essas dificuldades. Falem-lhes de empreendedorismo. As crises vão e vêem, não são o fim do mundo. Os nossos ascendentes ultrapassaram-nas como também as ultrapassarão os descendentes que estão para vir. Uma crise não é um fim. É, e sempre foi, o ponto de partida para o progresso. E a catapulta da mudança.
E não foram os políticos que ultrapassaram as crises. Foram as pessoas. Com ideias novas, porque pensaram melhor. Com estratégias diferentes. Com muito maior exercício cerebral, porque também se teve de pensar mais. Mas, acima de tudo, uma crise ultrapassa-se com trabalho.
O curioso é que não me lembro de ter vivido num Portugal sem estar em crise nem de ouvir um único político responsável falar aos portugueses sobre isto.

2 comentários:

Anónimo disse...

"Em vez de os sacrificarem outra vez, sacrifiquem o Estado gordo, supérfluo e esbanjador" gotava de ver isto concretizado e não como muleta da direita liberal, diga lá então ond eé que se cortava? gostava de saber e que isso de atirar para o ar é muito bonito mas nunca concretizam...

António Lopes da Costa disse...

Obras públicas que exijam investimentos que o país não tem como pagar, principalmente as que não estiverem, já, em construção.
Deve ser feita uma reavaliação de todos esses investimentos, que ainda não estejam em curso.
Cortar no Estado. Empresas públicas, institutos, ordenados dos seus gestores, limpeza nos tachos partidários não produtivos nem reprodutivos.
Esse corte, por si só, já "paga" o aumento dos impostos. E soluciona o problema a longo prazo.
Mas posso ir dando outras medidas, como a unidose (que Sócrates e o PS insistiam em desvalorizar, mas que ontem andou para a frente e que se traduzirá numa poupança para os cidadãos e para o Estado, que comparticipa só onde é necessário comparticipar...