sábado, 16 de outubro de 2010

Saudades de um Super Mário


Naquele tempo, não havia lugar para nervosismos.
Chegava a Alvalade com a certeza absoluta de que o Sporting ia ganhar o jogo.
A pergunta que se fazia era por quantos é que o Sporting ganharia o jogo.
Quanto à equipa, Tiago e Nelson alternavam. Porque os quatro centrais, Quiroga, Beto, Babb e André Cruz (repare-se que o terrível Hugo chegou a fazer 8 jogos) garantiam segurança à defesa, fosse quem fosse o guarda-redes. Rui Jorge e César Prates, os laterais, completavam a defesa. E os Bentos, Paulo e Rui, fechavam o que havia para fechar.
Naquele tempo não era preciso mais do que a velocidade de Pedro Barbosa. Não era precisa mais experiência do que aquela que tinha, na altura, o Hugo Viana. Não era preciso que Niculae tivesse a perna em condições. Porque Quaresma era quem tirava os coelhos da cartola, numa frente de ataque onde também cabia um grande artista, João Pinto.
Quanto ao resto, o resto era fácil. Porque, com Jardel, era trigo limpo, farinha amparo. Não precisava correr muito. Estar no sítio certo era mais do que suficiente.
Jardel desafiava todas as teses. Punha em causa todos os estudos. Ele não fintava, ele não corria, ele tocava pouquíssimas vezes na bola. Mas naquele segundo em que tocava, se é que chegava a ser um segundo, ele sabia, como nenhum outro, o que fazer com ela.
Quando Jardel chegou, o Sporting, em três jogos, tinha duas derrotas. Daí para a frente, marcou 42 golos para o campeonato, mais 13 noutras competições. Para o campeonato, o Sporting só perdeu mais uma vez. Nem vale a pena dizer que o Sporting, com Jardel, foi campeão. Mas como poderia não ter sido?
Jardel hoje já não é o Jardel que era.
E não procurem por outro Jardel porque Jardel era único e duvido que vá haver outro igual.
Acho que não podia continuar a ter um blogue, continuar a escrever sobre futebol sem falar do jogador que mais descomplicava, que mais irritava e que mais golos marcava.
Dizem que recordar é viver.
E recordar Jardel é reviver alguns dos melhores momentos que vivi enquanto sportinguista.

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