domingo, 13 de fevereiro de 2011

A moção do Bloco


Todos os partidos dizem censurar o Governo.
E todos falam disso, estando apenas à espera que chegue a altura certa.
O Bloco de Esquerda, contradizendo o que tinha dito cinco dias antes, apresenta uma moção de censura.
É uma moção que tem o objectivo de, imediatamente após a coligação presidencial com os socialistas, romper publicamente qualquer suspeita de ligação ao PS de José Sócrates.
Mas não deixa, ainda assim, de ser uma moção de censura e, portanto, com poder de fazer cair o Governo.
Uma moção de censura, independentemente das suas razões, é sempre uma moção de censura. E não se pode dizer que se vota contra uma moção de censura caindo no ridículo de dizer que "sim, censuramos o Governo", que "sim, queremos que este caia", mas que "não queremos que caia pelas razões de uma determinada moção de censura".
Ou se quer censurar o Governo e se censura, ou não se quer censurar o Governo e não se censura.
Assim sendo, a decisão à esquerda do PS tem de ter em conta os dois únicos cenários possíveis: continuidade do PS de Sócrates ou possibilidade de mudança para um PSD de Passos Coelho. É isso que estará em causa na eventualidade de uma moção de censura bem sucedida na Assembleia da República. Não está em causa, e o Bloco sabe-o bem, uma mudança para um Governo com medidas de esquerda.
Com isto, o Bloco está apenas a tentar enganar os portugueses, agravando a instabilidade política, limpando a sua face.
Passada que está a análise à moção de censura do Bloco e eventualmente de uma futura moção do PCP, cuja interpretação terá de ser análoga à que faço desta, parece-me que o PSD deverá votar contra estas moções, não por poder vir a ser responsabilizado pela instabilidade políticas, mas porque, simplesmente, não está preparado para ir a eleições. E para as ganhar de forma clara.
Dessa forma, e sendo coerente com o que disse no início deste texto, o PSD deve dizer simplesmente que este não é o tempo de censurar o Governo. Que ainda não é, mas que esse tempo pode chegar. Mas que, ainda assim, não prevê apresentar uma moção de censura própria num futuro próximo porque não quer ser responsabilizado por uma instabilidade política que o país, nesta altura, dispensa.
Mais do que querer entrar em jogos partidários e no campo da política da antecipação e da rasteira, os portugueses perceberão melhor o PSD, se o PSD lhes disser a verdade.
E a verdade é que o PSD não quer censurar o Governo. Por ser esse o seu interesse partidário, mas porque esse também é o interesse nacional.
O PSD deve, portanto, censurar o Bloco e votar contra a sua moção de censura.

1 comentário:

maria disse...

Eu espero!

Apesar de nem sempre comentar gosto muito de te ler :)

Bjs :)