quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

O maior desafio da nossa vida


Nós, sportinguistas, sentimo-nos cabisbaixos. Como se calçássemos sapatos três números abaixo da medida do nosso pé. As nossas pernas estão doridas. E os nossos ombros sentem dificuldade em ter força para puxar os braços para cima para, dessa forma, puxar para cima o nosso querido Sporting. Pior do que os ombros, está ainda a cabeça, confusa e triste, que faz com que nós, quando questionados sobre o Sporting, possamos sentir o desalento de algo que é tão nosso como a nossa família, os nossos ideais, os nossos valores.
Perante os factos, sentimo-nos impotentes. Sem saber o que fazer. Sentimos que a nossa alma sportinguista foi abatida e que o nosso coração sente dificuldades em continuar a bater. Parece que escasseia o sangue verde que nos corre nas veias.
Estamos completamente vergados perante uma humilhação história e pública, envergonhados porque não temos conseguido ser tão grandes como os nossos antepassados. E este sentimento não é só dos dirigentes. É de cada um de nós, que estamos descrentes, profundamente tristes, porque nós, sportinguistas, somos os responsáveis pela situação a que o clube chegou.
Ao longo da vida, sempre dissemos que éramos diferentes e sempre o fomos. Sempre dissemos que não nos divorciaríamos de um amor comum, verde e branco, de um leão que ruge no nosso corpo. Cumprimos o que dissemos. Mas esquecemos, todos, que poderíamos acabar, todos, viúvos.
Quando atiramos culpas para este ou aquele, esquecemo-nos de que todos, de uma forma ou de outra, somos directamente responsáveis. Eu sou. E é assim que me sinto. Responsável. Tanto quanto o nosso presidente demissionário, os sócios que votaram nele, os que contra ele se candidataram com um projecto que não foi suficientemente mobilizador para os sócios.
Este não é o tempo de atirar culpas para ninguém. É tempo de assumirmos, todos, as nossas verdadeiras responsabilidades, enquanto sócios e adeptos loucamente apaixonados por um emblema, por uma cor, por uma História Maior.
Não é o tempo para anunciar o fim, nem para sublinhar as saudades do princípio. É o tempo da união e do agora. E de mostrarmos, aos nossos antepassados e às futuras gerações, que não fomos nós os grandes protagonistas de um fracasso histórico.
Da minha parte, não quero sentir a vergonha de contar aos meus filhos e netos de que, no meu tempo, havia um grande clube, que eu julgava eterno, que era a maior potência desportiva nacional, um clube de pódio europeu, e que eu, em conjunto com os sportinguistas do meu tempo, não fomos capazes de manter vivo.
Não me quero sentir co-responsável pelo fim do Sporting. E se, eventualmente, o Sporting acabar para sempre, eu e todos os sportinguistas vivos seremos os responsáveis. Uns por acção, outros por omissão, mas sê-lo-emos todos.
Falta mais de um mês para votarmos o destino a dar ao nosso Clube. Temos mais do que tempo para sentirmos o peso da responsabilidade e de, em conjunto com a máquina que nos mantém o sangue verde a correr nas veias, tentarmos, com a pouca lucidez que ainda mantemos, procurar, em conjunto, uma solução.
Se há tempo para fazer um grande debate, para que se realizem encontros de vários dias à porta fechada, onde todos possamos contribuir, este é esse tempo. Aproveitemo-lo. Com respeito uns pelos outros. Até porque pode ser, esta, a última oportunidade.
O Sporting, como disse, está ligado à máquina para viver. Sobrevive em coma profundo. E temos duas opções: podemos ressuscitar o Sporting ou podemos ser os coveiros dele. Seremos nós os responsáveis por qualquer uma das posturas que adoptarmos.
Este é mesmo o maior desafio da nossa vida.
E o tempo irá julgar-nos.

2 comentários:

maria disse...

Mais do que triste, e ainda mais depois de ler este texto, sinto-me revoltada...

Como é possível que não haja ninguém capaz de fazer alguma coisa pelo nosso clube?

Como é possível que com tanta cabeça pensadora dentro daquele clube não haja ninguém que queira mesmo lutar por ele?

Como é possível deixarem o Sporting afundar-se desta maneira?


Sempre associei o Sporting ao PSD, um clube e um partido grandes, com gente com muitas ideias, mas nenhum capaz de fazer nada...ou porque não têm capacidade ou porque existem demasiados "velhos do restelo" a não os deixarem...

Levamos Bettencourt à vitória para quê?
Acreditei que agora é que era e mesmo a ver que a equipa não passava da cepa torta, acreditei que primeiro tinha que se arrumar a casa para depois viriam os "lucros"...aguentámos uma equipa fraca, um treinador sem "ovos" e de nada valeu...pelo que sei estamos pior que nessa altura...

Hoje ouvi um tal Braz da Silva, dizer que desistia da candidatura à presidência porque não quer entrar em guerrilhas...estou farta destas conversas da treta, gostava era de ver ele chamar os "bois" pelos nomes e dizer quem está a travar todas as ideias, aparentemente boas, para salvar o Sporting...

Levo a vida a dizer que o Sporting será sempre grande e o meu clube de coração mesmo que desça de divisão ou acabe, mas...

O António diz que temos todos que lutar, mas como? E quem nos deixa? Parece-me é que quem pode nada faz...não faz e não deixa fazer.

É uma tristeza :(

Bjs :)

CARLOS disse...

Os culpados desta desgraça foram todos aqueles que apoiaram o chamado projecto Ruquette.
Eu sou sócio do do SCP, e tenho já quase 50 anos de sócio.
Sucede que antes desse "projecto" o nosso Clube era grande.
Transformaram o Clube numa empresa, e todos os amigos quiseram ir para o camarote comer o croquete.
Os SPORTINGUISTAS, não vão morrer, o nosso Clube, vai ter um rumo.
Mas tudo tem que ser lavado e desinfectado, só deixem o nosso PAULINHO.
Sócio 5244