segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A Madeira


É muito fácil apontar o dedo, dizer que, por aquela estranha espécie de semi-democracia da Madeira, devem responder os titulares dos cargos regionais, o PSD Madeira, sendo que, pela dívida da Madeira, devem responder os madeirenses, enquanto titulares do direito ao voto, tendo-o exercido a favor de Alberto João Jardim.
Este é um problema complexo. É agora, mas sempre o foi. Não houve nenhum líder nacional do PSD que tivesse tido a coragem suficiente para separar águas entre o poder nacional e o poder regional do partido. A estratégia sempre foi a mesma: colher os dividendos do que Jardim fazia bem, semear o distanciamento quando se acusou, fundamentadamente ou não, a Madeira de gastar mais do que tem, num arquipélago que, muitas das vezes, convive mal com a democracia, sobretudo na parte em que a democracia nos diz que todos devem ser iguais perante a lei e perante as autoridades públicas.
Mas o problema da Madeira é um problema nacional. E, pelo poder que o PSD Madeira sempre teve, ao nível político e financeiro nessa região, o problema madeirense não se deve à falta de coragem de quem, no PSD, teve a possibilidade de enfrentar Jardim. Este é um problema de todos os social-democratas, desde Passos Coelho a mim, que sou daqueles "militantes anónimos".
Em tempo de sacrifício nacional, é muito grave que uma região que é parte integrante do território português, financiada pelos impostos de todos os portugueses, esconda a sua real situação financeira. É ainda mais grave que se diga aos portugueses do Continente e dos Açores que iremos sacrificar ainda mais a nossa qualidade de vida por força da má gestão de Jardim.
Por força do princípio da solidariedade nacional, não podemos deixar de, uma vez mais, voltar a ajudar o povo madeirense. Mas não podemos deixar de tirar as devidas consequências do que se passou e do que se continua a passar na Madeira.
Num Congresso do PSD, houve quem tivesse dito, do púlpito, que "estamos em Coimbra, estamos em Portugal, não estamos na Madeira". A Madeira, sendo diferente, é Portugal. E só com coragem, com muita coragem, os líderes e militantes do PSD podem fazer com que a Madeira seja mais parecida com o resto de Portugal, acabando, de uma vez por todas e enquanto é tempo, com tudo aquilo que faz que a Madeira, em algumas vertentes, seja diferente para pior.
Haja coragem e sentido de Estado nesta espinhosa missão de ajudar o povo madeirense. E não podemos esperar, com sacrifício para o PSD, que sejam os madeirenses a fazer justiça nas urnas.
Afinal, que futuro se pode desejar a um povo que vive entre o carnaval do PND, o circo do candidato Coelho e as extravagâncias do dr. Jardim?

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