segunda-feira, 27 de novembro de 2006

O meu voto de solidariedade

O PPD/PSD teve um papel determinante na instauração de um regime democrático em Portugal. Por isso e por ser um grande partido político, o maior da oposição e que, a qualquer momento, pode ser chamado a formar governo, deveria ser um exemplo para o comportamento de todos os outros partidos, para outras organizações, para o funcionamento da sociedade e para todos os cidadãos portugueses.
No Estado de Direito Democrático, em que vivemos, um dos grandes fins do Estado é a Justiça que pode, de uma forma resumidada, ser definida como a vontade constante de dar a cada um os seus direitos. Ora, um princípio que aceitamos e com o qual concordamos, plenamente, é, por exemplo, o de que todos somos inocentes, até se provar o contrário. Este princípio deve ser, obviamente, posto em prática de acordo com um outro princípio - o Princípio da Igualdade. Não é nesse sentido que o PSD tem actuado.
Os líderes do PSD, sem qualquer competência para tal, decidiram "condenar" alguns militantes do Partido. Digo que não tinha qualquer competência pois julgo que é do conhecimento de todos que o poder judicial é da competência dos tribunais, como tal, não é ao PSD nem a qualquer outra entidade que cabe o poder de condenar as pessoas.
O Partido Social Democrata, com a actual direcção, deu mostras do seu desconhecimento da lei fundamental do Estado, do seu discurso populista e interesseiro e de que trata os militantes do Partido de uma forma desigual.
Esse comportamento torna-se ainda menos legítimo, pelo facto de os líderes nacionais do PSD não terem dado qualquer valor à decisão dos militantes do Partido em alguns concelhos, militantes que mostraram, através do seu voto, quem queriam ver como candidato do Partido ao seu município. Os líderes do Partido decidiram não dar ouvidos à vontade dos militantes social-democratas e decidiram apresentar outros candidatos a algumas Câmaras Municipais, contra a vontade dos militantes e, como demonstraram os resultados eleitorais, contra a vontade popular. Quem perdeu, com tudo isto, foi o PSD.
Então, as pessoas que tinham visto o seu nome sair vencedor no sufrágio feito aos militantes do Partido nesse concelho, decidiram avançar, como candidatos independentes à presidência dessas Câmaras Municipais, dado que os líderes nacionais e distritais do PSD tinham apresentado outros nomes. Julgo que estes militantes que se candidaram a essas Câmaras Muncipais tinham toda a legitimidade para o fazer, visto que tinham o apoio dos militantes locais do Partido e dos munícipes. Não concordo com a posição do PSD ao expulsar os militantes que apresentaram ou integraram listas independentes, pois, apesar de estar a cumprir os Regulamentos e os Estatutos, sendo o PSD um Partido livre e democrático, como dizem os actuais dirigentes, então deveria aceitar as decisões dos seus militantes.
Não seria com a expulsão de vários militantes que se iria tornar o PSD num Partido mais credível. Aliás, por exemplo, quando Manuel Alegre, nas eleições Presidenciais, concorreu contra o candidato apoiado pelo Partido Socialista, Mário Soares, não foi tomada nenhuma medida por parta de Sócrates e dos restantes membros da direcção do PS. Isso, sim, é um exemplo de democracia e de liberdade. Talvez seja um dos poucos pontos em que eu aplaudo José Sócrates, pela sua actuação nestes últimos anos. Como já referi por diversas vezes, não é expulsando pessoas que se torna o PSD num partido mais forte. Pelo contrário, é aceitando a diferença, construindo um bom debate interno e unindo todos os militantes à volta de um objectivo superior: Portugal.
Não estou, contudo, a dizer que eu concorde com tudo o que dizem estes militantes injustiçados pelos líderes nacionais e distritais do Partido ou que eu pense que esses mesmos militantes não cometem erros. Errar é humano e todos cometemos erros. Mas discordo, completamente, do comportamento tido pelos dirigentes social-democratas com os militantes e com os membros históricos do Partido que se decidiram candidatar, como independentes. A única coisa que vejo de condenável em tudo isto é a atitude dos líderes do PSD.
O Partido só é grande quando há lugar para todos e por isso faço, aqui, o meu voto de solidariedade.

2 comentários:

Anónimo disse...

Exactamente!

Luis Cirilo disse...

Meu caro António: Não estarei totalmente de acordo consigo neste ou naquele ponto,mas acho que genéricamente tem toda a razão no que diz.
Embora entenda que um partido tem de ter regras,e que quem se candidata contra o partido não pode nele ter lugar,também defendo que em eleições locais a palavra dos militantes deve ser soberana.
Nomeadamente quando se trata de escolher candidatos ás autarquias.
E sejamos francos: Em Oeiras e Gondomar o partido,de forma ilegitima,não só desprezou a vontade das bases como pretendeu, ao arrepio de todas as normas,substituir-se aos tribunais e condenar Isaltino e Valentim.Mas pior ainda foi o facto de aquilo que supostamente era argumento para afastar esses dois autarcas não serviu para afastar outros.
E sabe porque ?
Porque eram apoiantes de Marques Mendes e foram importantes na sua vitória em Pombal.
Ou seja,dois pesos e duas medidas.
E deixe-me dizer-lhe o seguinte: no caso de Isaltino o comportamento de Mendes foi chocante.
Afinal foi á boleia dele que Mendes foi presidente da AM de Oeiras em varios mandatos.
Afinal foi Isaltino que o ajudou a "viver" nos tempos em que ninguém lhe ligava nenhuma.
É por isso que acho que,sejam quais forem as dificuldades,vale a pena lutar por um PSD melhor que o actual.
Porque foi um bem melhor partido que herdamos de Sá Carneiro e a nossa bitola de exigência deve pautar-se,sempre,pelo melhor lider da nossa história e não pelo pior.
O actual !
Parabéns pelo seu blog e que nunca lhe falte a coragem
UM abraço amigo