quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Uma Grande Mulher


Tenho lido as notícias do PSD com alguma revolta.
Porque, aparentemente, para algumas pessoas, o PSD não tem líder.
Na verdade, sabemos que assim não é. O PSD tem uma líder, que tem a legitimidade para a ser, que lhe foi dada directamente pelos militantes do Partido.
Também sabemos que irão haver eleições directas para a liderança do Partido, as quais se realizarão, provavelmente, até Maio próximo. Para essas eleições, provavelmente, Manuela Ferreira Leite não se irá recandidatar.
Por isso, estou à vontade para escrever sobre a liderança de Ferreira Leite. Porque, na qualidade de militante social-democrata, lhe estou profundamente grato.
Não devemos esconder as condicionantes que, a priori, Manuela Ferreita Leite tinha. Mesmo assim, candidatou-se para a liderança do PSD. E não o fez por ela. Fê-lo pelo Partido. E pelo País.

Percorreu o país em três actos eleitorais e revelou uma energia que se evidenciou em algumas das suas aparições públicas, como aquela participação no Gato Fedorento que terá, certamente, surpreendido todos os portugueses.

Reconheço o esforço de Ferreira Leite. A quem agradeço.

E agradeço porque foi a número um de um grupo de portugueses que, numa altura em que o endividamento era de cerca de 100% do Produto Interno Bruto, se opôs a que o País agravasse essa situação, avançando para um novo aeroporto internacional, para uma nova auto-estrada entre Lisboa e o Porto, para uma nova ponte sobre o Tejo e para o TGV.
Esse grupo de portugueses não foi, todavia, contra as obras públicas. Apenas defendia a suspensão de algumas dessas obras, que fossem megalómanas, possivelmente não-reprodutivas, e que condicionassem (ou, porventura, hipotecassem) o futuro dos nossos jovens.

Agradeço também porque, na defesa de algumas ideias desse grupo de pessoas (no qual me incluo), não recorreu a nenhuma espécie de hipocrisia barata ou demagogia fácil.

Agradeço porque, corajosamente, não foi susceptível a nenhum tipo de pressão. Falou o que quis falar. Disse o que quis dizer. Fez o que queria fazer. Custasse o que custasse. Por exemplo, escolheu Pedro Santana Lopes para candidato a Lisboa. Soube pôr de lado as diferenças de estilo e escolheu o melhor candidato que o PSD tinha para a principal Câmara do país.

Agradeço porque foi assumiu como bandeira principal do PSD a ajuda, necessária, às pequenas e médias empresas, responsáveis pela esmagadora maioria dos empregos. Entre todas as outras ideias-chave do Compromisso de Verdade, com o qual o PSD se apresentou às legislativas. Por exemplo: a extinção do pagamento especial por conta; revisão da política fiscal no sentido corrigir algumas injustiças a nível social; a valorização da agricultura; a defesa de uma política sustentável no sector das pescas; extinção das taxas moderadoras para internamento e cirurgias; reforço das formas céleres do processo penal, na prevenção e combate à corrupção; potencialização da coordenação entre as várias forças policiais, entre tantas outras medidas a que o PSD se propôs tomar, caso viesse a ser chamado a governar.

Infelizmente (creio eu) para o País, o PSD perdeu as eleições. Mas restaurou alguma credibilidade e demarcou-se das políticas-chave da governação socialista. E foi por isso, só por isso, que aquela ideia de Bloco Central, falada a meses das eleições, deixou de ser hipótese logo que Manuela Ferreira Leite apresentou o seu Programa e defendeu as suas ideias essenciais. Por isso, também lhe estou grato.

Perdemos as eleições. Mas defendemos aquilo que estava certo. Sempre com ruídos de fundo daqueles que não queriam o sucesso do PSD. Mesmo vindo daqueles que militam neste Partido.

O PSD continua a ser um Partido cheio de diferenças internas. Simplesmente porque é transversal na sociedade portuguesa. Mas deixou de haver dois polos. Deixámos de ser vistos como uma metade que luta contra outra metade. Há diferenças. Mas agora, que Sócrates perdeu a sua maioria absoluta e estando o PSD com mais deputados na Assembleia da República, estamos muito mais perto de ser governo do que Sócrates de ter uma nova maioria absoluta. E se isso é assim, também a Manuela Ferreira Leite o devemos.

Mais ainda quando as sondagens, até aos ruídos de fundo e a um caso que aconteceu a uma semana das eleições, davam empate técnico com tendência para crescimento do PSD.

Façam-se os jogos de bastidor que se quiserem, avance quem quiser, diga-se o que se disser, mas eu não poderia partir para um novo ciclo sem agradecer e sublinhar a importância que teve, para o Partido e para o País, esta Grande Mulher.

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro António, não partilho nenhuma das opiniões sobre MFL. Apenas porque é uma srª idosa, não direi tudo o que ela merece.

A srª sempre foi um foco de mal-dizer para todas as direcções nacionais, excepto quando esteve no governo - atitude esta de especial falta de... Ajudou os 'republicanos socialistas e laicos' na gritaria histérica contra um governo PSD, apenas porque não gosta do primo (PSL). Apelou ao voto contra PSL, presidente do partido.

Nos governos onde esteve o seu trabalho foi medíocre, para não dizer mau; chefia o partido, como uma coutada da sua facção, dos seus amigos; viola todos os regulamentos internos e os estatutos. Falava em axfixia democrática pelo PS, mas no partido praticava-a; rodeou-se de pessoas pouco recomendáveis e incompetentes. Finalmente o que consegue são 2 estrondosas derrotas do PSD em 1 ano.

A srª não deixa saudades, mas deixa mais bagunça -como é prova a pancadaria em Benfica, que não é inédita é escola...

Rui Lopes disse...

Nas directas não foi nela que eu votei e provavelmente, se tivesse sido hoje impulsivamente também não votaria mas prestou um serviço útil ao PSD ajudando-nos a credibilizar-nos. Pagámos a factura de sermos um partido desunido e de muitos quererem vingar-se de um dos vários grupos que o apoiou.
Penso que a dra. Manuela Ferreira Leite contou com vários grupos dentro do PSD, sobretudo os barrosistas, cavaquistas e, posteriormente, com alguns (poucos) santanistas. Fez Portugal de lés a lés quando poderia estar sossegada com a sua reforma e prestou um serviço público, despido de ambições pessoais, que acabam por fazer dela um dos exemplos mais respeitáveis pela sociedade portuguesa.