quarta-feira, 16 de março de 2011

Que futuro?


A propósito dos jovens, penso que seria útil pensar no seguinte.
Podemos dividir os jovens licenciados, qualificados, em três grupos.
Há um grupo, restrito, de jovens que são extraordinários e conseguem um grande emprego, relativamente bem pago, mas cujo horário impede envolvimento em questões políticas.
Há outro grupo de jovens qualificados que consegue um emprego, o emprego possível, em que trabalha incansavelmente de manhã à noite.
E, por fim, temos um grupo, de dezenas de milhares de jovens licenciados, qualificados, que ficam no desemprego.
Deste último grupo, muitos são os que vão para o estrangeiro, juntando-se aos extraordinários do primeiro grupo que emigram para ter um salário de acordo com a sua competência e aos jovens competentes que vão lá para fora para fugir ao regime de semi-escravatura que têm no país.
É um ponto assente, para a esmagadora maioria dos portugueses, que estes três grupos de jovens têm razão no seu protesto, porque não têm condições para casar, para constituir família, para serem independentes.
Todavia, não é sobre esse ponto, que está bem assente, que eu quero falar.
Se olharmos para o que foi dito acima, jovens que trabalham de manhã à noite e jovens que vão lá para fora, não têm tempo, e muito menos têm vontade, para se envolver politicamente.
Mesmo que acompanhem a realidade política e que o façam com interesse, a política não pode nunca ser uma prioridade para estes jovens. Prioritário é estudar, arranjar emprego, trabalhar, ser independente, casar, constituir família, ser tratado com alguma dignidade por parte da sociedade.
A política não só deixou de ser prioritária como o envolvimento nela, tendo em conta as circunstâncias da vida, se tornou completamente impossível.
E é impossível para todos os jovens qualificados.
Posto isto, a reflexão que creio que devemos fazer deve passar pela resposta à seguinte pergunta.
Se estes jovens não querem e não podem, quem vai, daqui para a frente, dirigir o país, governar as nossas cidades, cuidar das nossas queridas freguesias?
É certo que hoje já temos alguns exemplos desses, de gente que governa sem ter passado pelo percurso normal, que é o de quem estuda, tira o curso e tem uma vida de contacto social em que, dado a esse contacto, conhece muito melhor os problemas com que se deparam os portugueses.
Hoje é assim. No futuro será ainda pior. Se nada for feito. Daí que devamos, todos, começar a pôr o dedo nas feridas, e curá-las.
Caso contrário, quando tivermos a idade dos responsáveis políticos actuais e quando já tivermos os nossos filhos, quem nos vai governar e quem vai estar à frente dos partidos, vão ser aqueles jovens que nunca trabalharam, que nunca estudaram ou que não estudaram "como deve ser". Vão ser os inúteis, os incompetentes, aqueles que andam por aí a roubar.
Não me digam que não há nada que se possa fazer pelos jovens competentes.
Sejam responsáveis.
Pensem nisto. Trabalhem para mudar isto.
É mesmo isso que, no futuro, eu vou fazer.

1 comentário:

Petinga disse...

Caro Antonio

A reflexao e excelente. EXCELENTE. 5 estrelas.

Mas qual e entao o caminho a seguir? Sobretudo para quem pertence aos 2 primeiros grupos (e talvez ate ao primeiro).

Um abraco