sábado, 10 de setembro de 2011

A FPF e o Sporting


Desconfio sempre daqueles que, perante um determinado conjunto de factos, criticam uma posição oficial, quando tenho a certeza absoluta de que também criticariam uma posição oposta que viesse a ser adoptada.
Toda a gente sabe que o futebol português vive numa guerra de poder, que se intensificou desde que Luís Filipe Vieira se tornou presidente do Benfica, tendo sido ele, e quase sozinho, o único a enfrentar o clube que, até então, controlava o que havia para controlar no desporto-rei.
Apesar das denúncias que fez e dos testemunhos que prestou, o Sporting esteve sempre à margem da luta pelo poder, aliando-se a um dos rivais. A excepção terá sido com a candidatura de Hermínio Loureiro à Liga de Clubes, num tiro que lhe saiu pela culatra, já que o sportinguista Vitor Pereira fez (e continua a fazer) um trabalho terrível no sector da arbitragem, fazendo, através de nomeações, afirmações e apelos ao corporativismo desse sector, sistemáticos ataques à verdade desportiva por que anseia sempre quem dirige, com empenho, o Sporting Clube de Portugal.
Pinto da Costa tem ganho esta luta. Tem-na ganho pela antecipação, pelo controlo natural de quem está nestas andanças há anos e anos, pela influência que tem junto de associações e de clubes. E os clubes, sabendo que é o FC Porto aquele que ganha, num instinto de sobrevivência, aceitam essa aliança com trocas de favores, de atletas e sabe-se lá mais do quê.
Até hoje, o único aliado do FC Porto que não se conseguiu salvar foi o Boavista.
Há alguns anos que temos visto o Benfica mais interessado nesta batalha. Partindo atrás, assumiu uma estratégia que passava pela influência junto de outros clubes, como o Vitória de Guimarães, por uma operação de propaganda nos órgãos de comunicação social e pela redução do papel do Sporting. Tirando o peso ao Sporting, o Benfica perdia concorrência na batalha contra os dragões. Foi isso que fez. E, infelizmente, teve sucesso.
Foi esta a conjuntura que Godinho Lopes encontrou. E fez, no pouco tempo que teve, aquilo que lhe foi possível fazer.
Parece-me evidente que a forma como deixou Soares Franco candidatar-se contra aquele que será o candidato do Sporting realça alguma desorganização. E também se poderia ter feito mais, aumentando-se a influência junto de clubes que podem vir a ser amigos do Sporting.
Aos clubes da Liga Orangina poder-se-iam emprestar alguns dos jovens saídos da Academia, em idade de júnior ou no primeiro ano de sénior.
Aos clubes da Liga Sagres poder-se-iam emprestar alguns dos jogadores que não fariam parte do plantel do Sporting. E, eventualmente, poder-se-iam contratar mais três ou quatro jogadores, portugueses ou estrangeiros, ainda jovens, contratados em condições favoráveis ou em fim de contrato, colocando-os a rodar nesses clubes, de modo a que, saindo-se bem nessa aventura, esses jogadores pudessem sonhar em fazer parte do plantel do Sporting.
Não sei até que ponto uma estratégia de influência a este nível seria suportável, nesta altura, pelo Sporting. Mas parece-me que não será possível impedir os rivais de se sentarem na cadeira do poder de outra forma.
Assim, o Sporting tinha duas saídas: não tendo tido tempo suficiente para estreitar laços com clubes e associações, apenas poderia apresentar um candidato ao lado de um clube rival ou apresentar um candidato próprio.
A priori, o Sporting perderia sempre. Mas não tinha alternativa.
Recusa o candidato do Benfica (Seara), recusa o candidato do Porto e do poder (Gomes) e recusa, para já, a possibilidade de apoiar um ex-Presidente do Sporting, que conseguiu segundos lugares e títulos secundários à custa da proximidade evidente com o senhor da fruta e dos chocolates.
Será ainda possível recuar. Aliás, tudo dependerá dos apoios que Soares Franco possa vir a receber.
Para já, o Sporting apoia Hermínio Loureiro, homem imparcial e empreendedor, que já passou pela Liga e que garante equidistância.
É um bom candidato. E eu, enquanto sportinguista, apoio-o. Apoio Hermínio e apoio a solução que Godinho Lopes encontrou para este problema.
Afinal de contas, perante duas alternativas, Godinho Lopes optou por aquela que era, entre as possíveis, a menos má.

4 comentários:

Carlos Alberto disse...

Então foi o Benfica que tirou o peso ao Sporting? LOL É por estas tiradas inteligentes que o SCP está como está!!!! Quando os Sportinguistas correm com o Dr. Dias da Cunha, verdadeiro combatente do sistema e colocam lá o Soares Franco com o Paulo Bento para serem todos contentes 'tetra-vices' não se lembraram do Benfica!!!

O Sporting perdeu peso e importância porque se auto-relegou para o papel do novo-Boavista (mas iria acabar, oxalá o Godinho atalhe caminho por ser o novo Salgueiros.)

Até aqui as suas analises falham, o Salgueiros também já foi!!!

Dylan disse...

Concordo em geral com o post, apenas discordando quando refere que o SLB afastou o SCP de um papel relevante no futebol português. Acho que foi o SCP a demitir-se disso, aliando-se a quem não devia, calando-se quando estourou o escândalo do "Apito Dourado".
Como benfiquista, também acho Hermínio Loureiro uma boa opção para a FPF.

António Lopes da Costa disse...

Caro Carlos Alberto, penso que me corrige, mas auto-corrige-se no parágrafo anterior. A situação do Boavista foi diferente da situação do Salgueiros. E, aqui, referia-me apenas à questão do poder.

Caro Dylan (e ainda Carlos Alberto), obviamente que não foi só o Benfica que tirou peso ao Sporting. Aproveitou-se apenas dos tempos difíceis por que passou o Sporting nos últimos anos, aliados à gestão de Soares Franco, francamente mais amiga do FC Porto e à qual me referi. Mas o Sporting também tirou proveito, a este nível, nos tempos em que o Benfica fez uma dura travessia pelo deserto.
Quanto ao facto de se ter "calado" quando "estourou" o processo, penso que o Sporting fez o que lhe competia: denunciou a situação e confiou na Justiça, remetendo-se ao silêncio durante essa fase.
De qualquer maneira, reitero o que disse: fazer crer que, em Portugal, há apenas dois clubes grandes (Benfica e Porto) faz parte da estratégia dos actuais dirigentes do Benfica. E, nesse sentido, também se visa reduzir o papel do Sporting na luta pelo "poder" no futebol português.

Um abraço aos dois

Anónimo disse...

o SCP, vai apoiar o Hermínio Loureiro, porque o Luís Duque irá com ele.
O Duque vai ao tacho, acordem sportinguistas