domingo, 4 de setembro de 2011

Vozes de burro


Paulo Fernandes foi funcionário do Sporting durante seis anos.
Ao Sporting, deve tudo. Desde a sua autonomia financeira à visibilidade que conseguiu dar à sua carreira de treinador de futebol de salão.
Saiu, porventura, contra a sua vontade, tendo sido substituído pelo ex-seleccionador nacional da modalidade e substituindo André Lima no Benfica, que era uma referência para os adeptos desse clube, por aquilo que lhe ofereceu enquanto atleta.
No seu primeiro ano no Benfica, cujo orçamento para a modalidade é significativamente superior ao do Sporting, foi reforçar o seu plantel com alguns jogadores leoninos. Fez essa aposta. E perdeu.
Com uma facilidade que não se previa, o Sporting venceu o campeonato, tornando-se bi-campeão de futebol de salão.
Por estes motivos, é natural que Paulo Fernandes se sinta zangado com o Sporting. Zangado, revoltado, humilhado. Mas foram os resultados desportivos, e nada mais, que determinaram essa zanga, essa revolta, essa humilhação. Porque o Sporting, assumindo a elevação desportiva que sempre o caracterizou, nunca provocou, nunca espicaçou, nunca disse uma palavra sobre o actual treinador de futebol de salão do Benfica.
Mas ontem, fazendo jus à falta de carácter de grande parte dos profissionais do clube que representa, Paulo Fernandes, quando finalmente ganhou um título à sua ex-equipa, pela margem mínima, disse, por meias palavras, que o Sporting, que perdeu por 3-2, deveria e mereceria ter perdido por mais.
Trata-se, como não será difícil de perceber, de uma afirmação mal educada, de alguém que se sente angustiado com o seu presente e com o seu passado.
Mas enfim. O futebol de salão é muito rápido e torna o sangue mais quente. A afirmação foi feita a quente e, talvez por isso, para algumas pessoas, deva passar despercebida.
Lembremo-nos agora de João Benedito, um atleta, um profissional, um símbolo vivo e activo do Sporting Clube de Portugal.
Depois da vitória no campeonato passado, para não cair em tentações, para não perder a "máscara" do profissionalismo, pediu para não falar a quente numa altura em que o universo leonino ansiava por ouvir palavras suas.
Dele, nunca se ouviu uma palavra de falta de desportivismo. A quente, quando fala, enaltece o sportinguismo e a importância das vitórias para o Sporting.
Paulo Fernandes, pelo contrário, em vez de destacar o benfiquismo, que não sente como André Lima sentia, grita contra o seu antigo clube. Fá-lo na ignorância, pensando que afecta aqueles contra quem grita.
Não afecta ninguém. Porque, vinda de quem vem, a ofensa é como uma afirmação cheia de vazio.
A pequenez do que se diz a quente representa a pequenez que vai na cabeça de quem fala nessas circunstâncias.
E já é altura do senhor Paulo Fernandes perceber que foi por causa da pequenez do que pensa, da pequenez do que diz, que o Sporting, numa determinada altura, abdicou dos seus serviços, dispensando-o para um clube para onde se costumam dispensar os activos que já não interessam para a História e para a Grandeza da maior potência desportiva nacional.

4 comentários:

Anónimo disse...

Por seu turno, Orlando Duarte deu uma lição de caracter a esse senhor no final do jogo...
Mudámos para melhor sem dúvida.

PS: Pena o Marcão ter assinado pelo benfica :(

Ass: Leoa Ferrenha

Anónimo disse...

tanta coisa apenas por causa do paulo fernandes apenas ter dito que o benfica podia ter ganho por mais que a margem minima? por amor de Deus o gajo dá a opiniao dele sobre o jogo, mas tu lês mil e uma coisas nas entrelinhas lol.

realmente isso é mesmo de quem anda com azia por causa do futebol que realmente interessa...

um abraço e bons posts!
continua que gosto de ler o que escreves sobre futebol para poder debater ideias!

Paulo Carlos Jorge

Dylan disse...

Sinceramente, acho que o treinador do Benfica só disse aquilo porque achou que a sua actual equipa devia ter marcado mais perante o caudal ofensivo e as oportunidades que dispôs. Parece-me que guarda algum ressentimento contra o Paulo Fernandes que, diga-se, nunca achei um treinador extraordinário.

António Lopes da Costa disse...

Respondendo aos três, não tenho nada, rigorosamente nada contra a pessoa do Paulo Fernandes. Não acho que seja um grande treinador. Prefiro Orlando Duarte. E acho que o Benfica estava bem servido com o André Lima. Tem outra bagagem e, por isso, é mais contido, incluindo quando tem de falar a quente.
Costumo analisar o conteúdo. Nesse sentido, ouvi muita gente dizer que os resultados pecaram por terem sido por margens escassas. Aqui não me refiro ao conteúdo, mas à forma. E a forma, desrespeitadora do adversário e dos ideais desportivos, altera francamente a interpretação das palavras que, ditas noutros contextos e de outra forma, passariam por banais!

Um abraço aos três