quarta-feira, 22 de novembro de 2006

O princípio do fim?



A política “anti-liberal” do Partido prosseguiu e foi materializada com a ruptura da coligação PSD/CDS, na Câmara Municipal de Lisboa, onde, mais uma vez, os interesses dos líderes distritais e nacionais do Partido limitaram as decisões que seriam benéficas para um grande número de pessoas. Neste caso, esta limitação, que Luís Filipe Menezes, na sua página pessoal, adjectiva, e bem, no meu entender, de neo salazarista, assume uma maior gravidade por se tratar da vida de perto de um milhão de pessoas. Diz o autarca social-democrata, de Gaia, que “só conta o que pensa e decide o líder circunstancial e o seu iluminado séquito”. Subscrevo, totalmente, as afirmações de Menezes, que considero ser um dos poucos corajosos que tem remado contra uma maré anti-democrática e anti-liberal que se tem vindo a instalar no Partido Social Democrata.
Não compreendo o comportamento adoptado pelos principais líderes do Partido, a nível Distrital e Nacional, fomentando uma guerra interna, em vez de tentar promover o debate e de unir o Partido. Lembro-me da letra do hino do Partido, onde no refrão, se podem ler as palavras “paz, pão, povo e liberdade”, ideais que defendo e pelos quais o PSD se devia bater. Na minha opinião, os líderes do Partido nada têm feito para salvaguardar nenhum destes interesses: promove-se a guerra interna, não se faz uma séria oposição ao governo socialista, que tem agravado a penosa situação dos portugueses. Além disso, hoje, no PSD, colocam.-se os interesses dos líderes à frente dos reais interesses do povo e limitando sempre a liberdade, como, por exemplo, a liberdade para nomear alguém para um cargo ou a liberdade para ter uma opinião diferente da do líder, além de se limitar a entrada de novos militantes no Partido.
Carmona Rodrigues, Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, apoiado pelo PSD, convidou Pedro Portugal Gaspar, um qualificado quadro do PSD de Lisboa, para participar na administração da Sociedade de Reabilitação Urbana da Baixa Pombalina. Este convite foi feito em Setembro, tendo, por isso, Portugal Gaspar, aguardado pelo momento da nomeação. Esta proposta foi, então, a reunião de Câmara no passado dia 2 de Novembro, tendo sido, com uma “desculpa” à última da hora, retirada da ordem de trabalhos. Consta que o Presidente da CML foi pressionado pelos dirigentes do Partido, para voltar atrás nesta decisão de nomeação, pois, como todos sabemos, Portugal Gaspar, por diversas vezes, discordara da posição do dr.Marques Mendes.
O Presidente da CML, Carmona Rodrigues, voltou atrás na decisão que havia tomado meses antes e comunicou a Portugal Gaspar o que tinha acontecido: que os líderes nacionais e distritais do partido o tinham forçado a mudar a sua decisão de nomear Portugal Gaspar para a administração da SRU da Baixa Pombalina, pelo simples facto de este, Portugal Gaspar, em tempos, se ter oposto às ideias dos actuais líderes do Partido.
Com tudo isto, foi, posteriormente, feita uma outra proposta com apenas dois dos três membros do Conselho, facto que terá sido uma das causas da ruptura da coligação de centro-direita, na capital do país.
Eu oponho-me, como já disse por diversas ocasiões a este tipo de comportamentos. Penso que, além de se estar a cometer uma injustiça a Pedro Portugal Gaspar e de se estar a tirar autoridade ao Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, as pessoas que mais são afectadas com este comportamento da direcção do Partido é a população lisboeta. Além de não fazer oposição ao governo socialista, parece que o PSD, hoje, faz hoje oposição ao próprio Partido, impondo medidas ao Presidente da CML, facto que culminou com a ruptura da coligação, que põe em risco todas as propostas que forem apresentadas a partir de agora. Quem perdeu com esta decisão de Mendes foram os lisboetas…

4 comentários:

O Politicopata disse...
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António Lopes da Costa disse...

1) Não percebo porque é que se insiste um usar o termo "guerra". Cada um vê o debate político à sua maneira, mas parece-me excessivo falar de "guerra".

2) Lembro que o Isaltino não é militante do PSD. Como tal, também, julgo ser de mau gosto falar-se de qualquer aliança. Que eu saiba, a minha mãe fala de convicções que tem, não falando em nome de ninguém, neste assunto.

3)Eu sei que na política é preciso tomar decisões, colocando os "amigos" de lado, por terem opiniões divergentes, mas não é verdade dizer que a minha mãe abandonou os amigos de sempre. A minha mãe resistiu, como poucos tiveram coragem de fazer, seguindo as suas convicções. No caso da secção de Algés, o que tem acontecido é perfeitamente normal. É público que a minha mãe continua coerente nas suas convicções e vai, democraticamente, apesar de limitada pela direcção actual da Secção, expressar o seu descontentamento para com o rumo que a Secção e o Partido têm tomado.

4) As eleições para a CMO foram ganhas por Isaltino Morais. No entanto, é do seu conhecimento, com certeza, que o PSD não compreendeu a vontade do eleitorado: não percebeu que os oeirenses deram a vitória a outro movimento democrático, estando o Partido a dificultar todas as decisões do movimento vencedor.

5) Peço a sua compreensão quando falou de "fazer mal" ou não. No entanto, julgo não ser este o local apropriado para se debater esse assunto. Apesar de tudo, os insultos que tenho lido noutros blogs, que o senhor, com certeza, conhece, mancham as imagens de debate, liberdade e democracia.

6) Estou convicto, enquanto cidadão, amigo e filho, que a vitória na Secção de Algés seria o primeiro passo para um PSD de todos, para todos. Estou desiludido com a Secção, com o Partido e com o País. A continuidade não é boa e acredito na mudança.

Obrigado pela colaboração

E disse...

Falando de política, o António acredita que o caminho liberal é consonante com um partido de cariz social-democrata. Puro engano - na minha opinião.

Internacionalmente, a política social-democrata não promove o liberalismo, e se a contextualizarmos em Portugal (muito diferente da Suécia e do bem-estar generalizado que existe na sua sociedade) e nos tempos que correm, uma aproximação liberal seria uma má resposta às necessidades da população.

Foi por isso - e por outros desaires - que houve uma mudança de voto, uma "guinada à esquerda" por parte da população nas últimas eleições legislativas. E é por isso que houve uma mudança de estratégia e de pessoas no PSD.

O António pode, a nível pessoal, tomar as decisões que bem entender. Mas assumir que a prática liberal, com todas as vantagens e desvantagens que acarreta, é a solução a curto e médio prazo para Portugal (o meu longo prazo mede-se por gerações), é na minha opinião errado.

Existem várias secções, e a de Algés não é a única. Já que estuda na Católica, porque não inscrever-se na secção da área de Lisboa? E estar ou não estar num partido, não é motivo para deixar de acreditar em Portugal.

Anónimo disse...

que tal filiar-se na secção A? EU PROPONHO!