quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

A LINDA


Estava eu a passear o meu cão às 2 horas da manhã quando vi um cão pequeno, que tremia de medo, parecia estar assustado e com fome, com os olhos que reflectiam a difícil situação de se estar perdido e sem grandes esperanças de voltar para casa, para o pé dos donos.
Tentei chamá-lo, mas quando o tentava apanhar, fugiu para a estrada, onde passava com velocidade um Opel Corsa encarnado com muitos anos. Pus-me na passadeira e mandei parar o carro para que aquele pobre cachorro não tivesse a mesma sorte que têm outros e para que não morresse atropelado. Mas com a força que o meu boxer de 2 anos e meio fazia, não consegui apanhar aquele pequeno cachorro. Voltei rapidamente para casa, deixei o Pepe, o meu cão, e sentei-me no quarto. Pensei como deviam estar desesperados os donos, à procura daquele cão. Deve ser um desespero perder o nosso melhor amigo. Porque é assim que vejo os cães. Como melhores amigos, partes integrantes da família. O que eu fiz em 2 ou 3 minutos foi pôr-me na situação dos donos. A cadeira ganhou molas e pus-me rapidamente na rua, na tentativa de encontrar o cão.
Dei umas voltas nas ruas ao pé de minha casa e encontrei o cão numas escadas que dão entrada para um prédio. Continuava assustado e tentei chegar ao pé dele. Continuava nervoso, a tremer, e começou a ladrar enquanto eu me aproximava dele. Rapidamente, percebeu que eu estava com boas intenções, mostrei a trela, comecei a chamá-lo e ele parou de ladrar. Dei-lhe umas festas enquanto ele tremia como um estudante no início de uma oral na universidade. Ou ainda mais do que isso. Consegui, finalmente, colocar a trela. Finalmente, o cão estava vivo e em segurança.
No caminho para casa, pensei trazê-lo e dar-lhe comida. Poderia dormir na minha varanda fechada, quentinho e sossegado. Ou poderia pôr-me a caminho da esquadra da Polícia de Miraflores e entregá-lo lá. Mas poderia ir para um canil e ser abatido. Foi então que perguntei a uma senhora que varria as folhas caídas no chão da rua se tinha visto alguém à procura do cão. Ela disse que não, mas que já tinha visto o pobre cachorro há alguns minutos. Nessa altura, quando já pensava em trazê-lo para casa, reparei que na coleira estava escrito um número de telefone, por baixo do nome "LINDA", escrito em maiúsculas.
Eram 2:28 da manhã quando marquei o número e quando falei com um jovem, naturalmente, desesperado, por não conseguir encontrar o seu cão. Que afinal era uma cadela, chamada Linda, com 19 anos de idade. Disse-lhe que estaria à porta do BES da Av.Bombeiros Voluntários de Algés à espera dele, que se fazia acompanhar por uma jovem, talvez sua namorada, ou talvez até sua mulher. Chegaram não tinha passado um minuto desde que haviamos desligado o telefone. E, com sorrisos e uma felicidade que encadeava os olhos daquele casal de jovens, devolvi a cadela aos donos, que me agradeciam como se os tivesse salvo do fim do Mundo. Era o que eu faria se alguém encontrasse o meu cão se ele se perdesse.
Voltei para casa e escrevo agora esta história. Não para me gabar, apesar de poder ter salvo a cadela de ser atropelada pelos "palhaços" que só pensam em si próprios, mas para dizer que me sinto, agora, mais forte e, confesso, mais feliz.
Sinto-me, pelo menos, uma pessoa melhor, de consciência tranquila e em paz. Gostava de contar a história desta noite, apenas porque se todos os que a lerem tentarem agir pensando também nos outros e nos animais, não tendo vergonha de dizer que apanhamos o lixo que os outros deitam no chão para os colocarmos nos contentores da reciclagem, como eu faço muitas vezes, por exemplo, o Mundo estaria bem melhor.
Esses actos são do mais simples que pode haver, mas tornam-nos dignos. Aparentemente, não recebemos nada em troca, mas o agradecimento, o sorriso e o olhar dos donos, assim como a felicidade da cadela, foram a melhor recompensa que eu poderia ter tido no que seria apenas mais um dos dias da minha vida, que se enriqueceu com um simples acto.
Há quem não acredite que podemos mudar o Mundo. Eu não faço parte dessas pessoas. Pelo menos nesta noite, tornei o meu mundo, o mundo de uma família e de uma cadela num mundo melhor.

5 comentários:

Susana Santos disse...

Bonita história.
Feliz a LINDA que se cruzou no teu caminho.

Anónimo disse...

olha antonio, eu gostava de te dizer que és um bom miudo. tenho reparado que de certa forma tu tens sido uma ajuda para quem precisa dela. gostava de te ver como candidato a uma junta de freguesia ou a algum cargo. tu podes so ter 19 ou 20 anos e pelo que sei a nivel de estudante tudo te corre na perfeiçao. na minha opiniao está na altura de teres uma responsabilidade politica e a tua mae devia estar atenta a essa situaçao. ela e todos aqueles que querem que o psd volte a ganhar. como o psd precisa de jovens e de caras novas penso que tu podes ser uma mais-valia para o nosso psd e para o nosso portugal. sempre se tem de começar por um lado! espero que estejas atento a estas palavras. desejo-te um optimo ano 2008, um abraço
um militante social-democrata que ja falou contigo muitas vezes, ex-amigo e ex-adversario da tua mae. (sabes quem eu sou mas deixo só a inicial porque na politica dos blogs ha que ter cuidado),
N

Anónimo disse...

aldrabão, não és o nuno mendes nem estás a ser sincero. deixa o puto em paz!

Anónimo disse...

se eu fosse o nuno mendes ou alguem que todos pudessem saber rapidamente quem sou nao deixava a minha inicial. nem sequer sou de oeiras nem alges mas de uma das maiores secçoes do psd em lisboa. so deixei uma hipotese para ele pensar! prospero ano 2008

Anónimo disse...

são só vitórias...