segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Os fins políticos


Não me parece admissível ouvir o Primeiro-Ministro dizer que um processo judicial tem fins políticos só por incluír a sua pessoa.
Menos admissível é ouvir uma confirmação dessa afirmação, feita publicamente por um ministro.
Porque todas as pessoas sabem que a Justiça é independente e não tem de funcionar de forma a não incomodar os calendários partidários e eleitorais. Ainda para mais, nada nos pode levar a crer que as autoridades britânicas, que procuram alguns significativos milhões euros, estejam muito interessadas em influenciar a política portuguesa.
Parece-me evidente que afirmações desse género só têm uma única função, que é condicionar o trabalho que a Justiça faz, porque tem de fazer. É que estamos num Estado de Direito Democrático!
Se os socialistas afirmam que esta investigação tem fins políticos, eu gostava de saber o dizem esses mesmos socialistas de sucessivas investigações a vários militantes do PSD, que incidem geralmente em questões de menor relevância, e que se tornam públicas sempre em momentos pré-eleitorais. Ou esta é uma daquelas perguntas inconvenientes, que o engenheiro Sócrates não gosta e foge para não responder?

1 comentário:

Bruno Ferreira Costa disse...

Caro António,
Ia comentar o seu anterior post "Tantas Dúvidas - Parte II" precisamente acrescentando a temática deste post. Adiantou-se e ainda bem.
De facto é gravíssimo que o nosso PM refira que acha estranho esta questão ser levantada em ano de eleições, colocando em causa o trabalho dos investigadores e magistrados envolvidos no caso.
Perante tais declarações somos obrigados a considerar que Sócrates pensa que a justiça Portuguesa e a justiça Inglesa o querem tramar. Está preparado para fazer o discurso do "injustiçado", do "coitadinho" que foi tramado pela família.
Só espero que toda a verdade venha ao de cima, porque o Ministro, em governo de gestão, foi muito rápido a aprovar tão importante medida.