quinta-feira, 17 de março de 2011

As responsabilidades de Cavaco


Está marcada para daqui a pouco uma reunião entre o líder do principal partido da oposição e o Presidente da República.
A iniciativa foi de Passos Coelho. E é relevante dizer de quem foi, de facto, a iniciativa.
Tão ou mais relevante do que elogiar o mérito e o sentido de Estado e de responsabilidade de Passos Coelho, é insistir numa ideia que tenho há já muito tempo. Cavaco, uma vez mais, e cada vez mais quando o país vive uma situação de emergência, nunca foi capaz de usar os seus poderes para garantir a estabilidade política em Portugal.
Estamos há três anos à espera que Cavaco entre em cena. E agora volta a abdicar dos seus poderes, remetendo soluções para os partidos e para a Assembleia da República.
Cavaco teve influência na queda do governo do PSD que levou Sócrates para o poder.
Teve influência na forma como Sócrates e este governo socialista foram arrastados nos últimos três anos, com eles arrastando também o país.
Teve influência no facto de termos, em Portugal, um governo sem maioria absoluta de um só partido.
E, por omissão, teve influência nesta luta partidária que tem desprezado os reais e actuais interesses do Estado Português.
Ainda não chegámos a meio do mandato e já vivemos em crise política.
Porque Cavaco nunca chamou os partidos, nunca ousou ser o grande líder da estabilidade e de um governo de consenso nacional que poderia integrar vários dos grandes partidos da esquerda, do centro e da direita.
Tendo em conta as circunstâncias, Cavaco tinha a obrigação de ter maior responsabilidade e mais iniciativa.
Com isto, o país perdeu tempo.
E, com estas sucessivas omissões do Presidente que são origem principal de uma crise política, está para breve a entrada do FMI, que agravará ainda mais a condição de vida de todos os portugueses.
Ao que parece, vamos para eleições.
Foi este o caminho que Cavaco forçou.
E, destas eleições, é improvável que saia uma maioria absoluta de um só partido.
Pode ficar tudo na mesma.
Não só pode, como é muitíssimo provável que fique.
Mudam as caras, mas as medidas e as políticas terão de ser, forçosamente, semelhantes.
Depois das eleições, terá de ser feita uma aliança parlamentar ou um acordo de Governo entre vários partidos.
E, provavelmente, a iniciativa será do PSD.
Porque Cavaco foi sempre um Presidente irresponsável, inactivo, capaz de fazer aquilo que, em tempo útil, tinha a obrigação de ter feito.
Não o fará, certamente, no futuro.
Porque o cenário político de Maio ou Setembro será idêntico ao actual.
Passos Coelho e o PSD substituir-se-ão, uma vez mais, ao Presidente e ao que o Presidente deveria ter feito.
E isso diz muito sobre o Presidente que temos, sobre as responsabilidades que tem directamente nesta crise política com necessárias consequências ao nível das finanças públicas e da condição de vida dos portugueses que, cada vez mais apertados, vivem cada vez pior.
Segundo se diz, Cavaco não gosta muito de Passos Coelho. Não sei se gosta ou não. O que é certo é que, neste aspecto, Passos Coelho teve sempre uma atitude muito mais responsável, muito mais activa, muito mais defensora dos interesses do país, do que o nosso Presidente da República.

2 comentários:

Anónimo disse...

Mesmo que se vá para eleições e daí resultar um governo minoritário, seja de q partido for, ficará tudo exactamente na mesma. Pq parafraseando Pedro Santos Guerreiro "só mudam as moscas pq a Merkel é sempre a mesma".

João Santos disse...

Amén.