Há certas coisas para as quais já não há paciência. Até porque há erros que se pagam caro. Sobretudo aqueles em que nos rodeamos por pessoas que, logo na primeira oportunidade, não hesitam em dar-nos uma, valente e cobarde, facada nas costas. Aqueles em que preferimos o 15 a perto do seu dobro. E aqueles em que, pelo menos, não estendemos a mão solidariamente aos nossos soldados, que sempre estiveram do nosso lado, principalmente nos momentos mais difíceis.
Aquele que não sonha não pode, nunca na sua vida, vir a ser político. Político é mesmo só aquele que sonha. Que sonha mais do que os outros. Isso é certo, como também é certo que um sonhador não pode estar rodeado de gente que constrói uma vida com base em pesadelos.
O sonho e o pesadelo são dois conceitos. Cujas diferenças são insanáveis. Lá está! Insanável é o que não pode ser sanado. E quem ousa tentar sanar o insanável, infelizmente, dá-se mal.
Como vivemos, não no sonho nem no pesadelo mas na realidade, um tempo difícil, o que eu hoje tentei fazer, abdicando de imensa coisa para estar presente onde, na realidade, não poderia faltar, foi dizer isso mesmo. Um soldado sonhador não merece ser deixado sozinho, ou rodeado de cobardolas de primeira apanha, numa luta por um sonho, que é o mesmo que o meu.
Não se pode ter como um dos grandes trunfos uma pessoa que contribuiu para que nos impedissem de prosseguir a concretização do nosso sonho e daquilo que queriamos mesmo continuar a fazer. Cometer um erro desses é escorregar numa banana que, de propósito, meteram mesmo no nosso caminho, desde o início.
Uma divagação mais: o amigo não precisa de ser um mal educado. O amigo não precisa de atirar responsabilidades para os outros. O amigo não é aquele que nos diz aquilo que queremos ouvir. Mas aquele que nos diz, em cada momento, a verdade, aquilo que devemos fazer daqui para a frente para continuarmos a ser sonhadores. Sonhadores concretizados.
A minha leitura depois de tanta divagação é muito simples: tentar sanar o insanável, apesar de ser sempre improdutivo e prejudicial, é um gesto audaz de um homem bom. Todos os outros erros são armadilhas, que, depois de caírmos definitivamente nelas, nos irão amargurar durante o resto da nossa vida.
Por mim, continuo a acreditar no homem, continuo a rever-me no sonho, continuo a partilhar a luta. Provavelmente, não estarei presente na hora da vitória que espero. Mas como o que considero ser um bom soldado, não poderei deixar de estar solidário e presente na hora da derrota. Possivelmente sem ver aqueles que, nesse dia decisivo, estarão já, em casa, agarrados ao telefone, à procura de construír uma coisa diferente.
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