segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Um passeio por Lisboa


Valeu a companhia que tive para aligeirar o que senti quando passeei hoje desde os Restauradores até ao Terreiro do Paço.
Pelo caminho, lojas fechadas, ruas quase vazias, prédios devolutos davam sinais de uma cidade vazia de quase tudo.
Ao fim do caminho, uma pequena feira (se é que se pode chamar feira a um pequeno conjunto de comerciantes que estavam do lado direito do Martinho da Arcada) que não disfarçava o horror daqueles painéis que ali estão por consequência das obras.
Voltei para trás, até à Pastelaria Suíça, onde estive sentado não mais do que vinte minutos e três pessoas foram pedir-me dinheiro.
Enquanto tentava afastar-me o mais possível daqueles que nos abordaram para vender droga mesmo no meio da Rua Augusta, vi vários pedintes. Acabei por dar cinquenta cêntimos no último que vi, um músico que tocava no túnel do metro que também dá acesso ao parque de estacionamento dos Restauradores, onde deixei o carro.
No carro, passei por uma Avenida da Liberdade. Quem me acompanhou chamou-me a atenção para o local onde poderia estar hoje um Parque Mayer a sério, antes e depois de me ir dizendo que todas aquelas lojas acabavam por passar despercebidas a quem passava por aquelas ruas sombrias.
Lisboa é a capital e o grande espelho deste país. Aquele deveria ser o grande centro comercial de uma cidade que foi o ponto de partida para o grande desenvolvimento e descoberta do nosso Mundo. Mas não é. É absolutamente penoso ver aquele vazio de comércio, aquele vazio de gente, aquele vazio de esperança.
Durante todo o trajecto do passeio, vi apenas um espaço inaugurado recentemente, que dava alguma vida àquela parte da cidade. Se não tivesse de estar em casa às seis da tarde para ver o Barça-Real, tinha ido visitá-lo. Irei certamente noutro dia com mais calma. Falo, claro está, do MUDE - Museu do Design e Moda, cuja colecção foi comprada no mandato de Pedro Santana Lopes.

3 comentários:

maria disse...

Olá António :)

Não tenho comentado, mas leio sempre os seus textos...já é um vício.

Não fique triste pelo que viu na baixa de Lisboa, há muito tempo que está assim e não vejo melhoras tão cedo...foi uma pena que tivesse que estar em casa às 6 horas e veria muito mais.

Aconselho-o a ir à baixa de segunda a sexta depois das 19 horas, hora a que a maioria das lojas fecha...vai ver um cidade deserta, de ruas sujas e quase sem luz, cheias de lixo, lojas fechadas e cheias de graffitis e com os tais pedintes que viu durante o dia a fazerem as suas "camas" à porta de qualquer loja, para pernoitarem...

Falou na Rua Augusta e no Rossio, pois garanto-lhe que esses são os melhores locais da baixa...os outros, as outras ruas chamadas secundárias nem vale a pena falar...

E há mais, muito mais, infelizmente :(

E é isto a baixa da cidade de Lisboa, a baixa da capital de um país...tão diferente da fotografia que vem nos postais que os turistas compram...

Uma vergonha!!!

Bjs :)

ASL disse...

Pois é! Talvez o melhor que os lisboetas tivessem feito durante a campanha fosse simplesmente passearem pela cidade e verem com olhos de ver (e não de quem já está habituado a esta passividade) para o que (não) tem sido feito. Verem se é esta a cidade que querem.

É uma tristeza enorme vermos uma autêntica falta de cuidado em tratar da cidade e uma falta de paixão na forma como a autarquia se envolve na resolução dos problemas de Lisboa!

Quanto ao MUDE, aconselho vivamente. Fui lá uma vez ver uma exposição temporária sobre cartazes de eleições ao longo da história e valeu muito a pena!

Anónimo disse...

E isso é só o começo.

Devido à construção dos parques subterrâneos nos Restauradores e na Pr da Figueira; e finalmente do túnel do Terreiro do Paço, os pinheiros que,,há 250 anos, são os alicerces daqueles prédios, começaram a apodrecer, faltando a água, sobretudo as marés salgadas.

Agora para 'limparem' a idiotice da 'obra feita' já houve patetas que afirmaram que o apodrecimento se deve «às alterações climáticas!».

Os tipos embora maçons percebem menos de construção do que eu, mas a mentir ao povo, não têm concorrência.