segunda-feira, 6 de junho de 2011

Legislativas 2011 - Viragem


VENCEDORES
1. Não sei se até o Rato Mickey ganhava estas eleições, mas desde cedo se percebeu que Passos Coelho seria Primeiro-Ministro. Muitos dizem que, fosse quem fosse o candidato do PSD, o líder social-democrata ganhava estas eleições. Não sei. E, aliás, tenho algumas dúvidas. Nesta vitória houve mérito de Passos Coelho e do partido que, na probabilidade de uma vitória, se soube unir em torno do líder.
Depois de uma primeira fase da campanha onde foram cometidos alguns erros, o PSD soube corrigi-los, mostrou-se unido aos olhos dos portugueses, com participações de vários dos ex-líderes do partido.
O PSD teve sucesso na transmissão da mensagem, como não tinha tido nos últimos seis anos. Aproveitou a onda de contestação a Sócrates, apelou com sucesso ao voto útil da direita, e conseguiu uma vitória confortável, muito acima das melhores expectativas. Grande vitória social-democrata.
2. Não chegou aos esperados 15%. Não subiu à medida das expectativas das pessoas. Mas subiu. Em votos, em percentagem, em número de deputados. O CDS tem tantos deputados como o Bloco de Esquerda, Partido Comunista e PEV juntos. Vai, por mérito e porque essa é a vontade dos portugueses (incluindo da maioria que não votou CDS) para o Governo. Isso não é uma derrota. É uma vitória clara.

VENCIDOS
1. Fui das primeiras pessoas a anunciar o pressentimento de que o Bloco de Esquerda, já em 2009, estava em fase de declínio. O facto de ver o seu grupo parlamentar reduzido para metade explica bem o fracasso bloquista, que não aproveitou o voto dos descontentes do Partido Socialista nem o facto de ter sido o partido que se antecipou aos outros, apresentando uma moção de censura a um Governo que, ontem, foi censurado pelos portugueses. O Bloco de Esquerda é, porventura, o maior derrotado da noite de ontem, porque, ao contrário do que acontece com o PS que se reorganizará e se fortificará nos próximos tempos, o Bloco não tem essa margem.
2. De Junho de 2009 a Junho de 2011, o PS perde a maioria absoluta, perde a maioria relativa, perde o Governo, torna-se oposição. Perdeu 500 mil votos em relação às legislativas de 2009, 1 milhão em relação a 2005. O PS pagou, nestas eleições, a opção errada de arrastar Sócrates como Primeiro-Ministro de um Governo Socialista que agravou a situação de vida dos portugueses e que obrigou o país a recorrer à ajuda externa. O PS, já aqui o tinha dito, não substituiu quando deveria ter substituído. Não antecipou e foi atrás dos acontecimentos. Foram erros fatais que culminaram numa cabazada eleitoral, a maior das últimas duas décadas. É uma derrota que teve efeitos internos e que será de digestão complicada.

CONSOLIDADOS
Tem mais um deputado. Não tem mais votos nem maior percentagem do que em 2009, mas é, agora, o quarto partido parlamentar, aproveitando o declínio bloquista. O PCP, partido que, segundo os líderes comunistas, ganha sempre, por muito que festeje, desta feita, não ganha nem perde. Está igual, praticamente igual, num tempo que se espera de bastante actividade, em que os comunistas podem, nas ruas e através das forças sindicais, assumir-se como o principal partido anti-troika.

PEQUENOS PARTIDOS
Chegou, viu, divulgou a mensagem, mas não elegeu nenhum deputado. Conseguiu, ainda assim, 1% dos votos numa altura delicada em que era difícil que a temática do partido vingasse. Afinal de contas, estava em causa substituir o Governo, construir uma maioria. Por isso, 1% é vitória para o PAN.
O MRPP subiu 10 mil votos. Continua a ser, entre os partidos não parlamentares, o maior de todos. Consolidou a sua posição. Pode sonhar. Também ganhou.
MPT subiu de 3 mil para 22 mil votos. Da "linha de água" subiu até à frente do MEP, o que revela mérito de quem fez a campanha do MPT e demérito do MEP.
O PTP de Coelho é uma demonstração de quem ninguém é dono dos votos de ninguém. Sonhou ser deputado à Assembleia da República, eleito pela Madeira, mas esteve longe disso. Afinal, os portugueses ainda não mantêm alguma lucidez. Coelho não foi deputado. O PTP foi um partido derrotado.
Quanto ao resto, o PND desceu para metade de votantes, o PPM manteve-se entre os 14 e os 15 mil votos, o PNR subiu mas pouco, PPV fica nos 8 mil, o POUS acima dos 4 mil e o PH foi último, mais uma vez, com um número de votantes que não dá sequer para encher 1/20 do estádio da Luz.

1 comentário:

joão santos disse...

Excelente sinal -o que eu mais gosto quando vou na estrada! e não só, como é o caso...