Menezes vence debate virado para dentro

Não há muito a dizer sobre o curto debate de ontem. Era um debate, claramente, virado para o Partido, em que Menezes foi ganhando aos pontos. Menezes nunca deixou Mendes sem uma resposta clara, ao contrário de Marques Mendes que, nervoso, pareceu ter poucos argumentos.
Luis Filipe Menezes explicou algumas da suas ideias para serem aplicadas internamente, como o papel que as bases vão ter na escolha dos candidatos e das listas, tanto nas eleições autárquicas como nas legislativas. Logo aí se notou uma diferença clara entre Mendes e Menezes: Menezes quer que o Partido escolha e Mendes prefere ser ele próprio a escolher. É uma diferença grande de opiniões, já que enquanto o autarca de Gaia quer que o poder dos militantes seja maior, de forma a aumentarem o seu poder, colocando todos em pé de igualdade, ao contrário do que defende o ainda líder do PSD, Marques Mendes, que prefere ser ele a fazer todas as escolhas. Neste ponto, Menezes parece estar melhor colocado para mobilizar o Partido e respeitar, aceitar e valorizar a opinião dos militantes.
Julgo que o mérito de Menezes e o demérito de Mendes foram fulcrais para a vitória do primeiro. Durante todo o debate, Marques Mendes colou-se à palavra credibilidade e apontou várias incoerências a Luis Filipe Menezes, às quais Menezes não deixou uma resposta por dar. Menezes esteve sempre mais interessado em debater aquilo que verdadeiramente interessa aos militantes, dizendo apenas, por uma vez, que só ali tinha 140 situações em que Mendes foi incoerente.
Quando se falou da realidade nacional, houve diferenças pontuais que é importante que fiquem registadas, mas, de facto, foi um debate virado para dentro, com pouco tempo. Houve detalhes importantes como, por exemplo, o do enorme investimento em Gaia que fizeram ver aos portugueses que podem ver em Menezes um futuro e bom Primeiro-Ministro de Portugal.
No que diz respeito àquilo que Mendes chama “guerrilhas internas”, Mendes também saiu derrotado, já que foi notório que Menezes tentou colaborar com o líder do PSD, em questões como o do novo Aeroporto de Lisboa. Essas guerras foram sempre fomentadas por Marques Mendes. E ficou muito por dizer, como a questão das quotas, que me parece importante, já que se está a impedir os militantes de votar.
Mas foi um debate interessante, com algumas ideias inovadoras do lado de Menezes, que foi vencido por este, numa vitória que foi construindo aos pontos.