terça-feira, 17 de março de 2009

Entre o oculto e o que está mesmo à frente dos nossos olhos


Nos quatro anos que passaram, conhecemos muitas coisas, até então ocultas, sobre o nosso Primeiro-Ministro. Desde casas à licenciatura, passando por um outlet. Nada disto ficou esclarecido.
Sempre no seu estilo autoritário e arrogante, o Primeiro-Ministro decidiu dizer que esses casos, estranhos, que o envolvem, eram resultado de forças ocultas, ideia defendida por todos os socialistas (ou não vivesse o PS em clima de pensamento único!). A força oculta, no caso Freeport, chamava-se PSD. Um partido que, de resto, esteve sempre em silêncio sobre esta situação. E que não tem a mais pequena influência numa investigação a decorrer em Inglaterra.
Na semana passada, todos fomos surpreendidos por uma gigantesca manifestação contra as políticas do actual Governo. O caos tomou conta do trânsito da cidade, que assistiu à maior manifestação dos últimos tempos. Eram 200 mil pessoas. E o Primeiro-Ministro, entre o seu jogging matinal e a publicidade ao Magalhães, em Cabo Verde, voltou a ligar esta manifestação com forças ocultas. Porque, segundo o próprio, a manifestação tinha sido organizada pela CGTP, para servir os interesses do Partido Comunista e do Bloco de Esquerda. Repito, eram 200 mil pessoas. Do norte, do sul, do centro. De todo o país. Havia, com certeza, pessoas do Bloco de Esquerda e do PCP, como certamente haveria de todos os outros partidos, pelo que é estranha e limitada esta forma com que o Primeiro-Ministro olha para a realidade. E se não percebe o que vê, diz que é oculto.
No seguimento destas afirmações, Sócrates criticou duramente a CGTP. Porque esta está contra o Governo. Contra um Governo que governa mal. Que não tem nenhuma sensibilidade social. Mas elogiou a UGT, talvez por ser liderada por um socialista. O critério de distinção usado pelo Primeiro-Ministro é claro, mas limitado: o que é do PS e está com o Governo é bom, o que está contra é mau. Porque, para o PS, já só há um lado bom, só há uma verdade que deve ser imposta, só há um lado importante: o do Partido Socialista. O resto ou não presta ou, simplesmente, é campanha negra.
O mesmo discurso é utilizado em relação à comunicação social. Se há um canal que conta a história toda, se há um jornal que quer dizer toda a verdade, é porque se promove uma campanha contra a sua pessoa.
Casas, Freeports e licenturas à parte, ficámos a conhecer o lado de Sócrates que era oculto em 2005.
Mas, acima de qualquer outra coisa, ficámos a saber, passados quatro anos, que José Sócrates definitivamente não serve para governar o país. Porque quando teve essa oportunidade, com uma conjuntura que não poderia ser mais favorável (cooperação institucional do Presidente da República, maioria absoluta confortável, etc.), Portugal piorou em quase todos os indicadores. Perdemos quatro anos. E isso não é mesmo nada oculto. É uma realidade que está à frente dos nossos olhos, que não deixa dúvidas e que só não vê quem não quer.
Já não há dados, nem estatísticas nem nada que valha ao Primeiro-Ministro para que possa continuar durante muito mais tempo a ocultar a realidade aos portugueses.

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