terça-feira, 13 de maio de 2008

O ontem, o hoje e o amanhã do Sporting


O Sporting chegou aos quartos-de-final da Uefa, à final da Taça da Liga e da Taça de Portugal e acabou o campeonato em segundo lugar. Mesmo não ganhando nada, o balanço poderia ser positivo não fossem as péssimas exibições sucessivas da equipa, as opções técnicas erradas e a má política de contratações.
Será incompreensível que a direcção do Sporting caia no erro de pensar que, mesmo ganhando a Taça de Portugal e o Sporting, a nível de resultados, ter uma época idêntica à anterior, possa dizer que foi uma temporada positiva. Eu gostava de explicar aos dirigentes do Sporting a diferença entre as duas últimas épocas, dando o exemplo da última jornada e da forma com que nos despedimos do campeonato.
Nos dois anos, no último jogo, o estádio encheu para ver o Sporting. Mas, no ano passado, no caso de uma pouco provável conjugação de resultados, o Sporting poderia, na última jornada, ter alcançado o título que, no meu entender, seria merecido. Pelo menos, os adeptos do Sporting sentiam que aquele título seria merecido e, mesmo não sendo campeões, a sensação que nós, adeptos, tínhamos era como se tivéssemos, de facto, sido mesmo campeões. Porque fomos a melhor equipa do campeonato e porque o título se escapou por um ponto, que nos foi tirado irregularmente por um golo marcado com a mão. No ano passado, o Sporting jogava bem, ao ponto de ser tão bom ou melhor que o Porto, e este ano fomos manifestamente inferiores. O segundo lugar, este ano, resulta do facto de termos sido menos maus que os concorrentes directos e isso não nos dá grande orgulho.
Por muito que se critique a direcção, não há nada que possa ser tão criticável como a atitude que os jogadores tiveram na maioria dos jogos desta época, exceptuando as competições europeias, a meia-final da Taça e mais um ou outro caso pontual. Mesmo invocando o cansaço dos jogadores por causa de se ter um plantel curto, este ano faltou a entrega ao jogo e a ambição de o ganhar que havia no passado.
Estas duas classificações, iguais, escondem um contraste de duas épocas. As falhas defensivas, nas quais Rui Patrício tem grande responsabilidade, fizeram com que o Sporting perdesse vários pontos. O Sporting poderia ter tido outro resultado em Braga, Leiria, no Bessa, Roma, Setúbal, e vários outros jogos, não fossem as infantis falhas defensivas do Sporting. Por culpa da defesa, falhámos o apuramento para os oitavos de final da Champions e a hipótese de lutar com o Porto pelo título nacional.
Será verdade que a lesão de vários jogadores que poderiam ser importantes, como Pedro Silva, Derlei e até o próprio Djaló, ajudaram a sentenciar a época, mas não se compreende como é que as alternativas poderiam ser Marian Had, Purovic, Gladstone e até o próprio Ronny fez mais de meia época como titular, indiscutível, da equipa.
No ano passado e na euforia de uma grande época e da conquista da Taça de Portugal, o Sporting vendeu o Nani por 25 milhões. Não faz sentido que, depois de uma época fracassada, a direcção caia no mesmo erro, de vender uma jovem com grande potencial, para depois se ir reforçar com jogadores de qualidade duvidosa. Admito a possibilidade de vender, se aparecer um grande negócio, apenas se esse negócio permitir ao Sporting encaixar dinheiro para se reforçar da forma adequada. Assim, não faz sentido, na minha opinião, que se venda um João Moutinho, ainda por cima, capitão de equipa para se ter dinheiro para manter o Grimi e o Izmailov. Não faz sentido nenhum!
Quanto à política de contratações, todos sabemos que apesar dos anúncios feitos, o Sporting tem problemas financeiros. Nos últimos anos, a articulação entre os problemas financeiros e a obrigação de reforçar o plantel fez com que o Sporting apostasse em jogadores quase desconhecidos, de qualidade duvidosa. Essa política foi errada, porque nem se resolveram os problemas financeiros nem o Sporting reforçou, qualitativamente, o seu plantel de futebol. Sou defensor da tese de que mais vale apostar no seguro, reforçando o plantel com jogadores que dão garantias, do que contratar um maior número de jogadores, desconhecidos e que acabam por não ser verdadeiros reforços da equipa. Esse foi, de resto, o grande erro dos responsáveis do clube. Vejamos que jogadores como Paulo Assunção, indispensável na conquista do título para o Porto, e Anderson, que saiu por 35 milhões para o Manchester United, estiveram para jogar no Sporting. Houvesse mais ousadia e coragem e o Sporting teria menos problemas do que aqueles que tem hoje.
O Sporting cometeu vários erros no passado, que se reflectiram na equipa este ano. Faço figas para que não se cometam os mesmos erros do passado mais uma vez.
Ainda falta jogar a final da Taça e justifica-se o atraso na preparação da próxima época. Daquilo que posso falar é na minha preferência para reforçar o plantel do Sporting. Tendo eu o conhecimento de que a intenção é de manter Paulo Bento como treinador, será com uma natural revolta e inconformismo que verei a saída de Stojkovic da equipa do Sporting. Sendo assim, a primeira posição a reforçar é a de guarda-redes. Mas o Sporting precisa de reforços para várias posições. Quanto a nomes, Caneira, Viana, Pauleta e Rochemback são jogadores que me agradam, mas que não chegam para que o Sporting tenha equipa para alcançar os seus objectivos. Porque o Sporting quer ganhar tudo. Outros nomes? Zé Castro e Pedro Mendes. Ou Geromel e Jardel…
Quanto a saídas, penso que Tiago, Gladstone, Ronny e Purovic devem ser os primeiros a sair. E sou a favor da continuidade de Farnerud e Izmailov e ainda a favor do regresso de Carriço, de Saleiro e dos outros jovens de que se está a falar. Quanto a Grimi, na falta de melhor e o melhor, para mim, seria Jorge Ribeiro, como já tinha dito há muito tempo, o Sporting deve fazer o que estiver ao alcance para o manter no plantel. O limite do alcance não chegará ao valor que o AC Milan pede, porque o jogador não tem esse, pelo menos por agora, esse valor.
Rui Patrício deve ser emprestado ou vendido se a proposta certa aparecer, porque não tem, ainda, o valor que um guarda-redes de primeira liga deve ter. Aliás, está mesmo muito longe disso!
Com tudo isto que escrevo, quero dizer que a equipa pode ir para o Euro e de férias para onde quiser, mas os dirigentes não podem ter férias se querem, de facto, que um Sporting seja “um grande tão grande como os maiores da Europa”, um sonho antigo que tarda em se fazer cumprir.

Sem comentários: