quinta-feira, 15 de abril de 2010
Alice, volta à terra!
O PS foi adiando a sua decisão sobre um candidato presidencial até não poder mais e esse adiamento dividiu os socialistas a um ponto em que vários notáveis do partido têm perdido as estribeiras ultimamente, com afirmações públicas que extravasam os limites do razoável. Porque está em causa o candidato do partido.
Este problema podia ter sido resolvido com facilidade. Não conheço as regras internas do PS. Mas os seus dirigentes poderiam, porque tiveram um mandato presidencial inteiro para o poder fazer, alterar as regras internas, de modo a que o nome do candidato presidencial fosse sufragado internamente pelos seus militantes. Era uma solução e o problema estaria resolvido.
Aliás, essa seria uma solução muito interessante e, apesar das diferenças (que são de regime), tem muitas semelhanças com o que acontece nos Estados Unidos.
Ouvi ontem um socratista fanático falar desta situação. O socratista fanático chamava-se Emídio Rangel e falou ontem à noite num programa de debate político semanal da RTP N.
Tentando disfarçar o que é indisfarçável, Rangel (Emídio, para não deixar dúvidas!) elogiou a forma como o PS organizou o seu tempo. Pelo meio, ainda deixou uma crítica ao líder do PSD por ter escolhido, supostamente antes do tempo, o candidato presidencial do partido.
Ora, vamos, primeiro, a esse ponto.
O PSD teve eleições directas, em que, entre algumas diferenças, sobressaiu um enorme consenso, tanto entre os candidatos a líder como entre os militantes, à volta do candidato presidencial do partido.
Candidatando-se, Cavaco Silva teria sempre o apoio do partido, qualquer que fosse o líder saído das eleições directas.
Recandidatando-se, Cavaco Silva vai ter o apoio entusiástico do PSD.
O problema, se é que houve algum problema, está resolvido. Está e esteve sempre desde o dia em que Cavaco foi eleito para o seu primeiro mandato como Presidente da República.
Nem sempre concordámos com Cavaco, mas não havia sequer condições para se decidir de forma diferente.
Assim sendo, arrumada que está a questão, o PSD está focado em fazer uma revisão constitucional e promover as reformas necessárias para que o país possa rapidamente recuperar de treze anos, quase consecutivos, de desastrosas governações socialistas.
Pelo contrário, o PS, além de não ter o problema presidencial já resolvido (até lá vai correr ainda muita tinta), vai ter de discutir esse tema num período de grande divisão interna, e vai continuar a não estar disponível para fazer aquilo para o qual foi democraticamente legitimado: governar.
Ou seja, a realidade é exactamente o contrário do que disse ontem o Emídio Rangel e do discurso oficial do Partido Socialista.
É curioso, e bom para o país, que, tendo em conta o desastrado partido que está no Governo, se possa encontrar uma solução de estabilidade, de boa gestão do tempo e de Governo no principal partido da oposição.
Mas é preocupante que o partido que tem mais condições para governar seja aquele que teve um mandato dos portugueses para estar mais três anos e meio na oposição.
Ao contrário do que apregoam os socialistas, Portugal está muito longe de ser o País das Maravilhas. E, mesmo tratando-se de um candidato-poeta, não há tempo a perder...
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