A última vez que comprei um jornal desportivo foi no dia 11 de Março.
Foi na ida do Sporting a Madrid, numa estação de serviço em território português, por volta das 7 ou 8 da manhã. Dei alguns cêntimos para, conjuntamente com o Henrique e o Gonçalo, dois amigos meus, comprarmos um dos poucos jornais desportivos que restava.
Comprámos para irmos lendo na viagem e nenhum de nós queria dar mais do que trinta cêntimos por aquele jornal desportivo. Por aquele e por nenhum outro que fosse desportivo. Até porque o menos mau dos jornais desportivos já estava esgotado. E não estava à venda o jornal “Sporting”.
Pude ler no jornal que comprei o que disse o enviado-especial a Madrid sobre o Atlético. Um texto pobre, que menosprezava o Atlético, que definiu como se fosse a plebe, enquanto valorizava a mobilização dos madrilenos em torno do outro clube da cidade.
Onde deviam estar palavras sobre a onda inédita de sportinguistas que foi ao Vicente Calderón ou sobre a forma de jogar da equipa comandada por Quique Flores, onde, de resto, joga um dos melhores jogadores do mundo, um jogador importante da selecção portuguesa, um espanhol em boa forma que foi jogador do Benfica, um ex-jogador do Porto, um avançado que é um grande finalizador e um conjunto de jogadores jovens com potencial, só faltou o jornalista dizer que o Sporting tinha a obrigação de ganhar o jogo, tão fraca que era a equipa do Atlético.
Quando li, fiquei estupefacto com a ignorância do jornalista e com uma espécie de anti-patriotismo parolo, porque o Atlético de Madrid, não estando nos seus melhores anos, é um clube histórico do futebol espanhol, com alguma representatividade na comunidade de Madrid, uma das importantes capitais do mundo.
Ontem à noite, esse jornalista engoliu um sapo. Porque a plebe chegou à final da Liga Europa, eliminando um Liverpool que humilhou o Benfica. Os festejos em Madrid provam que tudo o resto que esse jornalista escreveu não correspondia, de todo, à realidade.
Este é apenas um caso que me fez aderir ao boicote. Não compro jornais desportivos. Porque tudo serve para atacar o Sporting. Tudo.
Aliás, não só não compro jornais desportivos como também deixei de visitar um site onde um cronista pegou em pequenos casos de uma minoria insignificante de sportinguistas e generalizou, insultando o Sporting, os seus associados e a sua massa adepta. Ora, partindo do mesmo princípio, poderíamos dizer que os benfiquistas são um povo drogado, que invade o campo para agredir fiscais de linha, que rouba e esfaqueia. Mas ninguém diz isso. Nem ninguém diz que, pelo facto de um membro de uma claque do Benfica ter morto um adepto do Sporting numa final do Jamor, os benfiquistas são assassinos. Não são.
Não me queria alongar muito sobre este tema. Porque estes são apenas dois casos. Que são confirmados no dia-a-dia, com especulações sem fundamento, críticas e insultos constantes ao meu clube.
Não vou contribuir para que paguem ordenados a esta série de jornalistas e cronistas imbecis, muito menos nesta altura onde 10,5% da população activa está à procura de trabalho.
Não vou mesmo. Por isso, aderi ao boicote. E esta minha posição só se poderá alterar no dia em que o jornalismo desportivo demonstrar mais educação, mais competência, mais fundamento, mais substância, mais rigor, mais respeito, mais elevação. Até lá, nem mais um cêntimo, nem mais um tostão.
1 comentário:
Caro António:
Faça como eu que sou assinante do Jornal "Sporting" há já muitos anos. O único jornal onde se escreve verde no branco. Um jornal que enaltece o eclectismo do nosso SPORTING, graficamente melhorado e bastante atractivo.
Ass: Leoa ferrenha ;)
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