quinta-feira, 6 de maio de 2010

Passos em falso


Esperei, esperei, esperei...
Ninguém falou.
Será, porventura, o tacticismo político. De esperar para ver no que dá.
Ninguém se quer precipitar, porque o Governo está na mó de baixo e, como suponho que poderia dizer o nosso companheiro Fernando Costa, até ele conseguiria vencer o engenheiro Sócrates.
Mas o encontro de Passos com Sócrates, ocorrido por iniciativa telefónica daquele, foi uma enormíssima incoerência com o seu discurso em campanha interna.
Aliás, lembro-me perfeitamente de ter visto, num debate televisivo, o ainda candidato a líder do PSD dizer que não teria aceite negociar com os socialistas, se estes não aceitassem previamente algumas condições impostas pelo PSD.
Parece-me evidente, até porque o discurso de Passos Coelho (subscrito, salvo erro, na terça-feira pelo próprio Secretário-Geral do partido) o confirma, que a condição essencial para se negociar com o PS seria a de impor aos socialistas a suspensão imediata de algumas obras públicas.
Assim sendo, quando o líder do PSD telefonou a Sócrates deveria ter dito que o sentido de Estado e a defesa do interesse nacional o levavam a criar condições favoráveis ao cumprimento do PEC. Mas que, por uma questão de princípio (unânime dentro do PSD), o PSD só se sentaria à mesa para dialogar, se o Governo e PS cedessem nas grandes obras públicas.
Não o fez. E fez mal ao não o ter feito.
O Governo aproveitou esse encontro para, desde logo, cortar no subsídio de desemprego, agravando a situação dos que, por infelicidade, não conseguem arranjar um emprego que lhes permita uma vida digna a si e à sua família. Esse anúncio, naquelas circunstâncias, passou a ideia de que essa medida teria sido proposta pelo PSD.
Mas, ao mesmo tempo em que anunciavam mais dificuldades, o Governo e o PS mantiveram-se fiéis à sua teimosia irresponsável, insistindo em obras públicas megalómanas que o país não tem como pagar.
O PSD saiu muito mal na fotografia e não houve nenhum sinal de que, pela suspensão de algumas obras públicas, o Governo estaria disposto a "sacrificar" alguns dos seus sonhos extravagantes.
O Governo corta aqui mas não corta acolá. E o povo é que paga...
Resumindo, saiu mal o PSD, saiu mal o país. Foram, portanto, Passos em falso.

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