terça-feira, 28 de julho de 2009

Esta fez ricochete



Uma das coisas que afasta as pessoas da política é o facto de, quando olhamos para o que deveria ser um transparente debate de ideias, só se ver, entre os políticos, ataques constantes à integridade dos adversários.
Além de afastar as pessoas, revolta-me. Revolta-me que um homem que nada fez, em tantos anos em Lisboa, tenha uma única arma: ridicularizar e insultar publicamente o seu adversário. Fá-lo coligado com um homem que enormes prejuízos causou aos lisboetas. E em coligação com uma senhora que muda de cor política consoante lhe dá na cabeça.
Voltamos à campanha de Obama. Quando foi que ele insultou o adversário? Ele, felizmente, tinha outras armas. E os adversários, sendo humanos e pessoas que, enquanto políticos, têm a responsabilidade de representar, defender e prosseguir as pretensões dos cidadãos, são para ser respeitados.
Quais são as ideias de Costa? O que fez? Quais são as suas propostas? Resolveu problemas? Resolveu o passivo? Ou contribuiu para isso? Ou endividou-se ainda mais? São essas as perguntas que os lisboetas colocam. A Costa e a Santana. E não qual é o que fala verdade e o que mente.
Quem é Costa para chamar mentiroso a Santana Lopes quando foi ele que disse, em entrevista à Ana Lourenço, que "resolvemos o passivo da Câmara". Dias depois pediu mais empréstimos.
Quando entrou na campanha, caiu no fruto proibido. Que, sendo o caminho mais fácil, é fatal. Chamou mentiroso a Santana Lopes quando este disse que o passivo era de mil e setecentos milhões de euros. Diziam nesse vídeo que o passivo era de mil e quinhentos milhões. Mas rapidamente surgiu a resposta de Santana, com um vídeo de uma entrevista na RTP, em que foi o próprio António Costa que disse que o passivo era de mil e setecentos milhões de euros.
É triste, mas antevê-se o fim de cena socialista. Também em Lisboa. Que está cada vez pior. Vai perder o aeroporto e vai ganhar uma muralha à beira-Tejo. A cidade está cheia de buracos de uma ponta à outra, nas estradas e nos passeios. Os espaços verdes demonstram descuido e o trânsito acumula-se em segundas e terceiras filas porque não há estacionamento onde quer que se vá.
O balanço feito do passado dá claríssima vantagem a Santana Lopes. E as pessoas sabem disso. Por muito que Costa insulte o adversário, chamando-lhe de mentiroso. Ora, não é o insulto a grande arma dos fracos? Neste caso é a única arma de quem nada mais tem para dizer. E este vídeo, triste para quem acredita na democracia, fez ricochete.
Digamos que foi um ricochete com sentido.

3 comentários:

Armando Filhote disse...

muito bem escrito

Bruno Ferreira Costa disse...

Caro António,
O debate de hoje foi bem elucidativo da fácil escolha que os lisboetas têm pela frente.
Votar em alguém que conhece a cidade, diagnostica os seus problemas e apresenta soluções credíveis e realizáveis e alguém que procura se manter no poder com acordos dúbios para voar para outros cargos.
Santana fuzilou no 1º debate, é assustador ver Costa desconhecer tantos assuntos da gestão corrente da Câmara. É difícil pedir pior, Lisboa tem um Presidente que desconhece a cidade que "gere".

maria disse...

O que afasta as pessoas da política é tudo isso e muito mais...

É a mentira constante, o prometer e não cumprir, o dizer que se vai fazer qualquer coisa e fazer de maneira completamente diferente...é o governarem-se em vez de governar o país ou trabalhar para que se resolvam problemas do país que carecem de urgência...

É não conhecerem Portugal e os portugueses...não andarem no terreno e não fazerem nem uma pequena ideia do que é a vida dos cidadãos deste país...

Quanto ao vídeo, nem precisa de comentários...o que é chamado de mentiroso diz o mesmo que o que se acha dono da verdade...muito elucidativo...


Enfim!

Bjs :)