terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Uma espécie de Theraphosa blondi


Antes de mais, uma primeira nota, para dizer que esta imagem foi escolhida porque sei que há muita gente que tem pavor de aranhas e sendo a Theraphosa blondi a maior tarântula do mundo, fui sensível ao ponto de escolher uma imagem um pouco bem mais simpática do que a que apareceria, se eu pusesse mesmo uma imagem de uma tarântula dessa espécie.
Outra nota complementar, para explicar o título. Na verdade, fui à internet à procura de um animal que fosse o maior dentro da sua espécie, que usasse as suas características para fazer mal aos outros, sem que os matasse. Encontrei a Theraphosa blondi que, apesar de ser (relativamente) enorme e amedrontadora (para a maioria das pessoas), não consegue, com o seu veneno, matar um ser humano. Quanto muito causa náuseas ou dores musculares. Enfim, podem consultar o wikipédia, que foi precisamente onde encontrei estas informações.

Fui procurar esse animal para fazer um texto sobre algumas coisas que se estão a passar. Feitas por homens. Contra outros homens. Homens no sentido amplo do termo. A comparação que farei daqui para a frente será, obviamente, forçada.

É que na verdade eu sei que uma tarântula dessas tem muitas patas, que utiliza para se alimentar. Eu sei que todas as tarântulas se alimentam (também) de seres da sua própria espécie. Sei que são venenosas e que não perdoam quem as ataca. Sei tudo isso. Mas os seus fins são outros. E nunca nenhuma Theraphosa blondi me tentou atacar.

Em Portugal, mesmo que não seja uma theraphosa blondi, há uma aranha com algumas semelhanças. Só que é gigante. E não utiliza as suas características para matar logo. A que existe por cá, o que quer é fazer morrer aos poucos, fazendo com que os seus alvos fiquem, quase desesperadamente, a lutar pela sua dignidade, pela sua honra, pelo seu bom-nome, pela sua própria liberdade.

Os alvos, ao contrário da theraphosa blondi, são humanos, que se quer fazer sofrer, à medida que o tempo passa e que se vai jogando o nome na lama.

Esta aranha de que falo, a que por cá existe, é diferente da theraphosa blondi original. Porque a aranha de cá ameaça primeiro e só depois, com os seus meios inúmeros, parte para o ataque.

Esta aranha muda as leis do jogo a meio do campeonato e faz com que essas leis se apliquem de forma que ou é retroactiva ou é discricionária, sem qualquer respeito por dois princípios: o da irretroactividade da lei (sobretudo aquelas que prevêem penalizações) e aquele outro que diz que a lei é igual para todos, não sei se estão a ver…

Atrevo-me a dizer que esta aranha é incompetente.

Esta aranha é mal-educada, não olha a meios para atingir os fins, agindo sempre de uma forma que, humanamente, não poderia ser mais violenta.

Esta enorme aranha age, as mais das vezes, de um modo eficaz.

Primeiro, cria um clima hostil (montado a partir de ódios pessoais) que, por assim ser, é incomportável do ponto de vista de um homem normal.

Depois, materializa a primeira ameaça da forma que acima referi. E ataca. Ataca mesmo.

Se há um alvo a abater, a aranha não o ataca só a ele. Quer logo destruir a família inteira.

Porquê? Por duas razões, creio eu.

Primeira, por causa da inveja que, sendo um sentimento feio, é bastante comum nas pessoas. E nessa aranha também.

Segunda, porque essa aranha não está sozinha. Tem muitas outras da mesma espécie por todo o Mundo e tem objectivos bem definidos.

Por cá, ela está em todo o lado. Nos tribunais, no Ministério Público, nos partidos políticos, na Assembleia da República, na comunicação social, nos clubes, nas empresas, nas escolas, nos hospitais, nas polícias, nas faculdades…

Às vezes, a aranha diz que é religiosa. Mas, se tem alguma religião de verdade, deve então ser uma daquelas mais modernas que promove as guerras e que não pensa em derrotar adversários. Pensa logo em destruí-los.

Se alguém quer denunciar essa aranha e os comportamentos obscenos, é imediatamente abafado. Abafado, calado e castigado.

Essa aranha pede desculpa por nos fazer um reparo e, logo a seguir, insulta-nos.

Ela ri-se de nós porque tem a consciência de que tem tudo para nos vencer.

De vez em quando, quando os seus adversários têm um pouco mais de visibilidade, essa aranha também faz sondagens e põe notícias nos jornais.

Nada mais nos resta, senão o sacrifício total e a cobardia de, de vez em quando, termos de ser bem-educados com essa aranha gigante.

Por aqui me fico agora. Consciente de que vencer esta pequena batalha é uma missão difícil. Mas a tentar convencer-me de que não há guerras irremediavelmente perdidas.

O resto guardo comigo. Comigo, com dois amigos, duas amigas e com uma colega.

Tinha de registar este momento grave que se está a passar. Peço desculpa aos leitores que, certamente, pouco perceberão desta história.

Resta-me pedir desculpa às theraphosa blondi. Porque as trouxe injustamente ao assunto. E também porque, comparando com esta enorme aranha, as theraphosa blondi acabam por ser animais meigos, dóceis e sem grande poder.

E só espero que aqueles que ainda não se deixaram cair nessa teia não deixem, nunca, de ter bom-senso. Espero que não haja cedências a chantagens ou pressões. E seria absolutamente maravilhoso, se eu viesse a descobrir que a aranha não tem mau-perder. Gostava muito que assim fosse. Ou que, pelo menos, as derrotas não fossem uma boa razão para agir, novamente, ainda com mais força.

Se isso acontecer, viverei daqui por alguns dias um momento pessoalmente muito feliz. E se vier a acontecer (como espero ansiosamente), o que aconteceu só irá ser reconhecido pelas cinco pessoas de que há pouco falei.

Que assim seja.

2 comentários:

João Santos disse...

Não sei a sua história, nem a 'aranha' que o atormenta, mas reconheço que há muitas aranhas dessas «por aí».

Algumas andam à bulha comigo, por isso a sua história é muito familiar. Para elas vale tudo, incluindo arrancar olhos -e não o disse por ser provérbio, é mesmo assim.
Pensam é que eu não sei quem os comanda. Ás vezes tenho vontade de comprar um valente bidão de insecticida e matar as aranhas baratas, ratazanas e outros bichos do mesmo tipo.

Cpts de solidariedade humana.

Anónimo disse...

Realmente existem muitas destas aranhas mundo afora...