quarta-feira, 2 de maio de 2007

José Mourinho, numa cinzenta manhã de nevoeiro...




Eu sou daqueles que acredita no sebastianismo. À minha maneira e com a minha leitura e interpretação da lenda, mas acredito. Quando vi José Mourinho dizer quando chegou ao FC Porto que “para o ano somos campeões”, lembrei-me logo desta História Mítica, conhecida de (quase) todos os portugueses.
Eu acredito que Mourinho, com a sua arrogância e o seu ego, é o D.Sebastião do século XXI, do futebol português. Acredito que pode ser um dos portugueses que vai conquistar pelo mundo fora, levando a todo o planeta o nome heróico que é o de Portugal.
Mas este ano, o mar esteve agitado, houve várias tempestades e a nau teve dificuldades para chegar até ao fim da viagem. Chegou, com muitas mossas, mas chegou ao fim. A armada sofreu várias baixas, principalmente a do comandante John Terry e a do sargento Cech. Foi um ano muito difícil para José Mourinho. Sem perder muitas batalhas, o melhor treinador do Mundo acabou por perder a guerra, mesmo nos últimos instantes, na infeliz noite de ontem, no “mata-mata” que são as dramáticas grandes penalidades. Em terras de Sua Majestade, também perdeu uma guerra contra os red devils apenas por pequenos detalhes.
Mourinho perdeu o Campeonato e a Liga dos Campeões. Pela primeira vez nos últimos 4 anos, o “special one” não venceu nem campeonato nem título europeu.
Durante vários jogos, achei que tomaria decisões diferentes ou em alturas diferentes das que ele tomou, mas quem sou eu (mero adepto e treinador de bancada) para questionar as decisões do treinador do Chelsea, mas a verdade é que Mourinho esteve infeliz nas aquisições que o patrão Abrahmovic fez, sobretudo a de Shevchenko, que foi durante grande parte da época o grande “cancro” da equipa do bairro rico da capital inglesa.
Contudo, os principais obstáculos que Mourinho enfrentou foram as lesões. Raramente, para não dizer nunca, teve o plantel todo à sua disposição. Desde Cudicini e Cech que estiveram lesionados ao mesmo tempo, passando por Ashley Cole, Terry ou Ricardo Carvalho. E daí para a frente, quase todos estiveram, pelo menos um jogo, indisponíveis.
Se Mourinho não ganhou a Liga dos Campeões, foi por muito pouco. E o mesmo se diz em relação ao campeonato. Puseram a fasquia demasiado alta para um mero clube de bairro que era o Chelsea quando Mourinho lá chegou. Em 3 anos, Mourinho foi campeão duas vezes. Fez melhor do que qualquer treinador do clube em toda a história do Chelsea, que até então só tinha ganho o campeonato por uma vez. Tornou o Chelsea num colosso europeu, um obstáculo difícil de ultrapassar. E o Chelsea tem, com Mourinho, um estatuto que nunca teve e, possivelmente, nunca iria ter.
É verdade que houve muito dinheiro para transferências e salários. Houve, também, condições excelentes para se treinar. Mas se não fosse Mourinho, o Chelsea nunca seria o que agora é.

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