quarta-feira, 5 de março de 2008

As primeiras vítimas


Parece ser oficial. Começou a onda de violência, consequência de uma crise social à qual, na minha vida, nunca tinha assistido em Portugal.
Roubos, vinganças e mortes. Nos últimos dias já é difícil perceber quantas foram as vítimas desta onda de violência.
Seria obviamente evitável, mas acontece por causa de um erro que se estende há mais de 30 anos, pelo insucesso das políticas de integração social. E não só. Os portugueses não têm dinheiro. Até o preço do pão vai aumentar brutalmente e o pão é importante porque, afinal de contas, é a alimentação das classes mais baixas.
1 em cada 5 portugueses vive, hoje, abaixo do limiar de pobreza.
Enfim, razões haverá, sem dúvida, muitas para justificar esta onda de violência.
Ontem, estava eu a sair da Universidade e deparo-me com duas operações STOP. Não me mandaram parar, mas várias pessoas não tiveram a mesma sorte. Quem vê tanto aparato, para tirar dinheiro às pessoas que ainda não colocaram o papel do seguro no carro ou que ainda não o puderam comprar pela falta de dinheiro na carteira, só pode ficar, no mínimo, incomodado. Com tantos assassinos à solta, a polícia une os seus meios na caça à multa.
Nunca, em quase 20 anos de vida, me senti tão inseguro nas ruas como agora. Será que é seguro ir a centros comerciais? Será que é seguro ir sair à noite? Será seguro andar de carro? E a pé? E de transportes públicos? O "não" responde a todas estas questões.
Ontem, morreram mais uma pessoa no centro comercial Colombo em Lisboa. Morreu com três facadas. A Polícia quer passar a ideia que o homem se suicidou. Essa tese que a Polícia quer passar é algo que me custa a acreditar. Não me parece nada provável que um homem que se queira suicidar o faça no maior centro comercial do país e muito menos com três facadas.
Porém, há uma coisa que é certa. Esta onda de violência e o insucesso das polícias e dos tribunais em assegurar a segurança dos portugueses é uma enorme afronta à extrema-direita, que há um ou dois anos disse que "se a insegurança se instalar, a extrema-direita viria para a rua". Certamente, ninguém se esqueceu disso.
Positiva ou não, uma intervenção da extrema-direita é algo que está cada vez mais iminente.
Não sei se a violência vai ficar por aqui. E não sei se a extrema-direita pode vir com todas as suas forças para a rua. Não sei. Veremos.

1 comentário:

Anónimo disse...

Amigo, o qe é que esperava num país em que se um polícia sujar a farda tem que a mandar lavar com o próprio dinheiro? Em que se houver um acidente com um carro da polícia, mesmo em perseguição, é o coitado do polícia que tem que desembolsar o guito? Em que grande parte dos polícias tem mais de 40 anos e não tem a forma física adequada para aquela profissão? Em que para dar um tiro num gajo que está a roubar tem que se preencher 500 mil impressos? E se o assaltante morrer? Aí então a vida do polícia está estragada, mesmo se o assaltante for um gajo da pior espécie! Tudo nas nossas leis está a favor dos meliantes. Por isso não me vai surpreender se houver um recrudescimento do sentimento nacionalista!